Tesouro Selic ou IPCA+? Saiba para quais objetivos os títulos públicos queridinhos do momento são mais indicados

O Tesouro Selic e o Tesouro IPCA+ foram os títulos públicos mais comprados em 2024, de acordo com levantamento do Tesouro Nacional. Os com maior demanda foram os indexados à taxa básica de juros, que captaram 45,2% dos investidores de títulos públicos. Na sequência, vieram aqueles indexados à inflação (42,8%) e, por fim, os prefixados (12%). Mas, afinal, na disputa dos campeões, qual é o mais indicado: Tesouro IPCA+ ou Selic?

A verdade é que, entre os dois, não existe um melhor e outro pior: os dois valem a pena neste momento de Selic a 13,25% ao ano. O questionamento aqui deve ser outro: para quais objetivos essas duas opções são indicadas? A gente te conta a seguir.

Horizonte de investimento

Ao decidir entre Tesouro Selic ou IPCA+, o principal ponto a se atentar diz respeito ao horizonte de investimento. Ou seja, a rentabilidade, nesse caso, não é o fator mais importante.

Enquanto no Tesouro Selic podemos investir para prazos mais curtos, com vencimentos máximos oferecidos hoje para 2028 e 2031 e liquidez diária, o Tesouro IPCA+ oferece vencimentos até 2060, casando com horizontes de investimento mais voltados para o longo prazo.

Reserva de emergência

Sendo assim, o Tesouro Selic é o título mais apropriado para aplicações que necessitam de liquidez imediata. Estamos falando de objetivos de tiro curto, como, por exemplo, reserva de emergência, reserva de oportunidade e aqueles planos “para ontem”. Ou, no caso de investidores mais arrojados, como margem de garantia para operações alavancadas na bolsa de valores.

Levando em consideração apenas o rendimento, o Tesouro Selic é mais vantajoso atualmente devido à sua correlação direta com a taxa Selic, em tendência de alta.

Isso porque esse título se beneficia diretamente dessa taxa, resultando em um rendimento superior. Em contrapartida, o Tesouro IPCA+ teve um desempenho inferior. Isso porque a inflação chegou a 4,83% no acumulado dos últimos 12 meses.

Embora o Tesouro IPCA+ ofereça uma taxa fixa adicional para compensar a inflação, o rendimento total do título foi menor do que o do Tesouro Selic, dado o cenário atual de taxas de juros elevadas. Por exemplo, o título com vencimento em maio de 2029 está pagando a inflação mais 7,55%. Pensando no IPCA acumulado nos últimos 12 meses, são 4,83% mais 7,55%, ou seja, 12,38%, rendendo menos que os 13,25% da Selic atual.

Porém, não é apenas isso que deve ser levado em conta na hora de decidir entre um título ou outro.

Médio e longo prazo: Tesouro IPCA+ ou Selic?

Dito isso, sim, se a necessidade de utilização do recurso for de curto prazo, o Tesouro Selic é a melhor escolha. Isso porque oferece segurança, liquidez e um bom rendimento em um cenário de juros altos.

Agora, se o investidor possui um horizonte de médio e longo prazos, o Tesouro IPCA+ é o mais indicado. Ele é recomendado para quem deseja proteção contra a inflação e visa preservar o poder de compra no futuro.

Vale lembrar que o Brasil tem um histórico inflacionário alto. Em razão de uma economia muito dependente de commodities e indexada ao dólar, os choques inflacionários no país são bem imprevisíveis.

Característica defensiva

O ponto principal a ser observado é a característica defensiva que os títulos indexados à inflação representam para uma carteira de investimentos de longo prazo. Assim, objetivos como previdência para os filhos ou aposentadoria, por exemplo, são muito beneficiados por esse tipo de título.

Entretanto, há que se tomar cuidado com aplicações de vencimento longo. Caso o investidor não possa levar o título até o prazo determinado por algum motivo, ele pode sofrer com deságio caso queira efetuar um resgate antecipado, a depender das condições do mercado.

Estamos falando da marcação a mercado. Em resumo, caso as taxas negociadas do Tesouro IPCA+ passem a ser maiores do que a taxa adquirida pelo investidor, este aumento se traduzirá em um menor preço do título e, portanto, em uma marcação negativa para o investidor que já está com o papel em mãos.

Assim, recomenda-se que o detentor do título o leve até o vencimento, para que não tenha prejuízo e receba a rentabilidade contratada no momento da aquisição do produto.

Tesouro IPCA+ ou Selic: afinal, qual a melhor opção?

Em resumo, se o seu perfil é conservador, você precisa de liquidez diária ou tem um prazo curto de investimento, a recomendação é optar pelo Tesouro Selic.  

Por outro lado, se o seu perfil é moderado ou arrojado – ou seja, aceita certa volatilidade -, e você dispõe de um horizonte de tempo maior, é importante que parte da alocação de sua carteira tenha Tesouro IPCA+ ou outro investimento indexado à inflação.

Tesouro IPCA+ ou Selic: como montar uma carteira

Na hora de montar uma carteira com esses dois títulos, o investidor precisa ter claro quais são os objetivos de curto, médio e longo prazos, pontua Carlos Castro, CEO e planejador financeira da SuperRico.

“Então, de acordo com seus objetivos e da sua propensão ao risco, a última etapa é fazer a escolha dos produtos. Não deve haver uma concentração. O investidor deve combinar produtos. É importante não concentrar e, sim, diversificar”, afirma o especialista.