Explosão da renda fixa faz emissão de debêntures bater recorde no 1º trimestre

Um total de R$ 152,3 bilhões foi captado, a maior parte via instrumentos como debêntures, CRIs e CRAs
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  • Emissões de debêntures bateram recorde no primeiro trimestre de 2025, somando R$ 103 bilhões.
  • O crescimento é impulsionado pela alta demanda por renda fixa e debêntures incentivadas.
  • Mais de 30 emissões superaram R$ 1 bilhão, demonstrando forte apetite do mercado.
  • O volume total de mercado de capitais também atingiu recorde, com R$ 152,3 bilhões.
  • Bancos desempenharam papel crucial na captação e revenda dessas debêntures no mercado secundário.
  • Apesar do recorde, emissões externas caíram devido ao cenário internacional.
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A aversão ao risco e a explosão da renda fixa incentivada levou a emissão de debêntures a bater R$ 103 bilhões em volume financeiro no primeiro trimestre, recorde para o período. De acordo com a Anbima (Associação Brasileira de Entidades do Mercado de Capitais), mais de 30 emissões superaram R$ 1 bilhão.

Segundo Guilherme Maranhão, diretor de Mercado de Capitais da Anbima, o volume recorde segue a tendência de crescimento de debêntures incentivadas, isentas de imposto de renda, que respondem por 45% do volume ante 25% do quarto trimestre de 2024.

“Houve uma sobra maior das emissões no mercado primário, o que tem feito bancos captarem e trabalharem a venda desses títulos no secundário (bolsa de valores)”, comentou Maranhão.

Mercado de capitais bate recorde puxado por debêntures

Além das emissões em debêntures, o volume disponibilizado em mercado de capitais bateu recorde para o primeiro trimestre. A entrada foi equivalente a R$ 152,3 bilhões no período, sendo R$ 142,6 bi em renda fixa (além das debêntures, CRIs e CRAs), R$ 8,5 bi em títulos híbridos e R$ 1,2 bilhão em ações.

Assim, o volume declarado em emissões saltou 246% na comparação anual, considerando que foram emitidos R$ 57,9 bilhões no primeiro trimestre de 2024. “O volume de renda fixa puxou o recorde no 1º trimestre que, historicamente, é conhecido como uma janela de menor atividade”, descreveu Maranhão.

Nesse sentido, emissões de debêntures saltaram de R$ 72 bilhões em 2024 para R$ 103 bi no primeiro trimestre deste ano. Segundo o executivo da Anbima, o salto do mercado privado e uma janela de captação favorável impulsionaram os títulos de renda fixa à mercado.

Bancos passaram a abocanhar um volume maior das emissões, com 57% do fluxo de oferta no mercado primário indo para agentes participantes das emissões. Na visão da Anbima, isso mostra que há apetite para registrar esses títulos no balanço e revendê-los no mercado secundário.

“O mercado secundário tem sido cada vez mais ativo. Isso tem feito bancos a trabalharem mais a venda no secundário, onde a pessoa física entra bastante”, disse Maranhão.

Isso leva ao aumento da liquidez de debêntures e pode reforçar o ano para o crédito privado, afirma César Mindof, diretor da Anbima.

Segundo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a média diária de valor negociado em debêntures subiu 26% em 2024. Só o volume negociado em Fundos de Investimento Imobiliário (FII) superou a categoria.

Risco global fecha janela de emissões no exterior

Por outro lado, o tarifaço de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, levou o mercado de emissões externas a fechar para companhias brasileiras.

Emissões de crédito fora do país, e, no caso do Brasil, de empresas listadas no Ibovespa procurando o mercado americano para refazer o balanço em bonds (debêntures ou títulos de dívida em dólar), devem cair adiante como resultado, dizem os executivos da Anbima.

A captação no exterior teve o melhor primeiro trimestre em mais de 10 anos. Ao todo, 11 companhias realizaram vendas de títulos no exterior que totalizaram US$ 12 bilhões.

Mas a Anbima vê a torneira fechada. Até para o Tesouro Nacional.

“Ainda tivemos emissões externas que devem ajudar, mas basicamente esse mercado fechou”, afirmou Maranhães. “Para o Tesouro, não faz muito sentido do ponto de vista de preços porque não vemos nem emissores americanos aparecendo. E o Tesouro é bem disciplinado em ponto de vista de pricing”, completou.

Além disso, o executivo considera que o Tesouro Nacional “abre a janela” para empresas brasileiras no exterior.

“As tarifas diminuíram muito o ritmo do mercado de capitais em 2025, mas ainda vemos ele bastante forte. O mercado local permanece bastante aquecido”, concluiu Mindof.

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