CRIs, CRAs e debêntures: ‘estratégia escadinha’ é opção para aproveitar taxas IPCA+

Estratégia pode ser interessante para aproveitar boas taxas IPCA+ de CRIs, CRAs e debêntures; saiba quais são os cuidados.

CRIs, CRAs e debêntures podem ser uma alternativa para quem quer diversificar a carteira e aproveitar as boas taxas IPCA+ oferecidas pelo crédito privado. De acordo com Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, este pode ser um bom momento para pensar no assunto e criar uma ‘estratégia escadinha’ (do inglês laddering).

“O crédito privado pode ser interessante para aproveitar as melhores taxas de renda fixa, inclusive porque boa parte das opções é isenta de IR, o que é um diferencial em relação aos CDBs, por exemplo”, diz o especialista.

De fato, CRAs, CRIs e debêntures incentivadas são isentos de Imposto de Renda, diferentemente dos CBDs, emitidos por bancos, que seguem a tabela de desconto progressivo de IR, de 22,5% a 15%.

Essa é uma das suas principais vantagens.

CRIs, CRAs e debêntures: quais são as taxas

A outra vantagem, como destaca o especialista, são as taxas. Há, por exemplo, um CRI da MRV, com vencimento em 2031, que paga IPCA+ 8,65%. Outra taxa atraente é oferecida pela Brookfield no CRI com vencimento em 2027: IPCA+ 9,25%. Há também um CRA da Minerva, para 2028, com taxa IPCA+ 8%.

Mas é importante lembrar que existe um bom motivo para as empresas oferecerem taxas mais atraentes que os bancos ou o Tesouro Direto. “Ainda que seja um título de renda fixa, CRIs, CRAs e debêntures têm o risco das empresas emissoras”, alerta o especialista. “Pode ser que elas enfrentem problemas, posterguem pagamentos ou até passem por uma recuperação judicial, por exemplo”, diz ele.

Em geral, empresas com risco mais alto prometem taxas melhores. Também entra na regra o prazo de vencimento. Quanto mais longo, geralmente mais interessante é a taxa oferecida.

É por isso que Cruz destaca que, antes de investir em crédito privado, todo investidor deve ter uma reserva de emergência garantida. E, mesmo depois disso, vale a pena diversificar considerando sempre o nível de risco envolvido em cada título de crédito privado. “Para prazos mais longos, por exemplo, o ideal é buscar empresas emissoras que sejam consideradas mais seguras”, ressalta.

Como funciona a estratégia escadinha

Depois de feitas essas considerações, Cruz explica que a ‘estratégia escadinha’ consiste basicamente em montar uma carteira ano a ano, considerando o prazo de vencimento dos títulos. “Para prazos mais longos, o intervalo pode ser maior, de dois anos ou mais”, diz ele.

Outro ponto importante é alocar recursos separadamente para projetos de médio prazo, como um curso ou a compra de um carro que esteja prevista para os próximos 18 ou 24 meses, por exemplo.

Além disso, para diluir o risco, a dica é diversificar os devedores e, igualmente importante, os setores.

“Ou seja, é importante não ficar muito concentrado na mesma empresa nem nas concorrentes porque pode haver um problema no setor como um todo”, alerta o estrategista-chefe da RB Investimentos. “Por exemplo, se você tiver na carteira JBS e Minerva, estará ainda no setor de frigorífico”, diz ele.

Abaixo estão dois exemplos de estratégia escadinha que ele criou especialmente para Inteligência Financeira.

Estratégia escadinha 1

VencimentoTipoDevedorIndexadorTaxa
15/07/2027CRAJBSDólar5,70%
17/08/2028CRAMinervaIPCA+8,00%
12/04/2029CRASao Martinho%CDI96,00%
17/06/2030CRARaizenIPCA+7,60%
15/01/2031CRIMRVIPCA+8,65%
15/08/2032DEBPetro RioIPCA+7,45%
16/10/2034CRAMarfrigIPCA+7,80%
15/05/2035DEBEquatorialIPCA+7,50%
10/07/2035CRIGPA TRXIPCA+8,50%
15/12/2036debCOMGASIPCA+7,30%
07/01/2037CRIGloboIPCA+7,50%
15/04/2037CRILeo MadeirasIPCA+7,80%
15/05/2038DEBRodovias interior paulistaIPCA+8,00%
15/04/2039DEBEnevaIPCA+7,30%
15/03/2042CRIGrupo MateusIPCA+7,70%

Estratégia escadinha 2

VencimentoTipoDevedorIndexadorTaxa
19/07/2027CRIBrookfieldIPCA+9,25%
17/08/2028CRAMinervaIPCA+8,00%
15/09/2029CRIEinstein%CDI95,00%
17/06/2030CRARaizenIPCA+7,60%
15/09/2031DEBEletrobrasIPCA+7,15%
15/08/2032DEBPetro RioIPCA+7,45%
15/10/2034CRIJHSFIPCA+8,35%
15/01/2035DEBSabespIPCA+7,10%
15/01/2036DEBValeIPCA+6,75%
07/01/2037CRIGloboIPCA+7,50%
15/03/2038DEBAESIPCA+7,60%
15/04/2039DEBEnevaIPCA+7,30%
15/03/2042CRIGrupo MateusIPCA+7,70%
15/02/2044DEBIgua saneamentoIPCA+8,85%

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