Crédito privado: o que saber antes de investir em empresas de mineração e siderurgia

CSN, Gerdau, Vale e Usiminas devem passar 2025 tendo que mostrar eficiência para enfrentar um cenário conturbado, afirmou o Itaú BBA

Após um ano de ajustes na alocação de capital, as empresas de mineração e siderurgia devem passar 2025 tendo que mostrar eficiência para enfrentar um cenário conturbado em várias frentes, afirmou o Itaú BBA em relatório sobre investimento em crédito privado.

A Inteligência Financeira fez um resumo de relatório do Itaú BBA com 50 empresas de 15 setores; confira.

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Com a projeção para o minério em torno de US$ 90 a US$ 100 a tonelada, o mercado fica sustentável apenas para os produtores de minério mais eficientes, disse o banco.

Em outra frente, as medidas de proteção comercial dos Estados Unidos por ora devem ter efeito limitado. Enquanto isso, a recuperação do consumo doméstico de aço é incerta diante do ritmo moderado da atividade econômica. Já os riscos como a desaceleração da China, variação cambial e aumento da ociosidade doméstica exigem prudência do setor.

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Por nomes, a Gerdau segue como referência em solidez, com baixa alavancagem, liquidez elevada e perfil defensivo. A Vale mantém balanço robusto e capacidade de geração de caixa na mesma linha.

A Usiminas deve focar na preservação de caixa e melhoria operacional, enquanto a CSN dependerá do sucesso na monetização de ativos e controle do investimento para reverter a elevação de sua alavancagem.

Crédito privado: CSN

A empresa, que divide suas operações nos segmentos de siderurgia, mineração, cimento, logística e energia, fechou 2024 com dívida líquida de R$ 35,7 bilhões (versus R$ 30,7 bilhões em 2023) e uma alavancagem líquida de 3,5 vezes, significativamente acima das 2,6 vezes do ano anterior.

O aumento da alavancagem se deve em grande parte à redução do Ebitda e ao impacto da depreciação cambial sobre a dívida em moeda forte, além do pagamento de R$ 2,5 bilhões em dividendos.

Apesar da maior alavancagem, a CSN fechou dezembro com R$ 24,9 bilhões em caixa, o suficiente para cobrir a dívida de curto prazo em 2,8 vezes. Além disso, a empresa tem perfil de endividamento alongado, sem vencimentos de dívida relevantes até 2028.

Crédito privado: Gerdau

A produtora de aços planos (usados na construção civil), com unidades no Brasil, Peru, Uruguai, Argentina, México, Estados Unidos e Canadá, tem uma estrutura de capital conservadora. A dívida líquida fechou 2024 em R$ 5,4 bilhões (estável ano a ano), com alavancagem de 0,5 vez. O caixa de R$ 8,3 bilhões cobre amplamente os R$ 735 milhões em vencimentos de curto prazo.

A Gerdau foi alvo de preocupação recente, após o governo norte-americano aplicar uma tarifa de 25% sobre importações de aço. Mas a companhia produz aços especiais também nos Estados Unidos. A maior parte das vendas da Gerdau ocorre nos mercados locais, mas também tem exportações para América do Sul, Europa e África.

Usiminas

A estrutura de capital da siderúrgica mineira Usiminas segue conservadora. A alavancagem passou 0,4 há um ano para 0,8 vez a dívida líquida/Ebitda em março de 2025. Ao fim de 2024, a companhia contava com R$ 5,95 bilhões em liquidez, frente a R$ 178 milhões em vencimentos no curto prazo.

A recuperação da siderurgia, com maior eficiência industrial e retomada do alto-forno 3, contribuiu para recompor margens em um ambiente ainda desafiador. Por outro lado, a volatilidade na geração de caixa, a concentração das vendas no mercado interno e a elevada exposição à concorrência externa – em especial ao aço importado da China – limitam a previsibilidade dos resultados.

Em outra frente, caso o cenário macro no Brasil melhore mais rápido do que o esperado e a instabilidade macro diminua, o real poderá se valorizar pressionando os preços do aço doméstico e impactando negativamente a lucratividade da companhia.

Vale

A moderação no crescimento global e a queda nos preços do minério de ferro vêm impactando diretamente a receita da Vale, o que voltou a acontecer no começo de 2025, após o preço médio do minério de ferro ter caído 16% em 12 meses até março.

O acordo final da Samarco assinado em 2024 contribuiu para diminuir as incertezas quanto aos potenciais desembolsos de caixa da Vale.

A alavancagem financeira da companhia subiu de 0,5 para 0,6 vez em 2024, ainda dentro de níveis conservadores.

Em março, a dívida líquida expandida da Vale alcançou US$ 18,2 bilhões, um crescimento de 11% na em três meses, chegando perto do limite definido pela própria empresa, de US$ 20 bilhões. Em teleconferência com analistas em 25 de abril, executivos se comprometeram a levar esse nível de volta para a faixa dos US$ 15 bilhões nos trimestres seguintes.

Atualmente, as discussões com investidores têm se centrado em três tópicos principais: 1) a estratégia de valor sobre volume e otimização do mix; 2) capacidade de manter margens diante da volatilidade de preços; e 3) planos de monetização de ativos de níquel e foco no crescimento em cobre.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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