CDB venceu? Rentabilidade, liquidez e o risco devem fundamentar a escolha do reinvestimento
Especialista indica o que é essencial avaliar antes de reaplicar o dinheiro em um cenário de Selic alta
Quando um CDB (ou outro ativo de renda fixa) vence, o investidor volta ao mercado com a missão de aplicar o dinheiro novamente. Porém, encontrar condições parecidas com as que tinha anteriormente não é tarefa simples. “Esse é o risco de reinvestimento: a dificuldade de manter a rentabilidade com o mesmo nível de segurança e prazo”, explica Guilherme Almeida, head de renda fixa da Suno Research.
Segundo o especialista, a análise deve passar por três fatores: rentabilidade, liquidez e risco. “É preciso avaliar se a taxa oferecida está atrativa frente ao cenário atual, entender quem é o emissor e, principalmente, se o prazo faz sentido com os objetivos daquele dinheiro.”
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Prefixado ainda vale a pena em 2025?
Com a Selic alta, em 14,25% ao ano, mas um cenário ainda incerto para os próximos meses, o prefixado atrai a atenção de investidores. Porém, Guilherme alerta: só vale travar a taxa hoje se houver uma opinião bem formada sobre o comportamento dos juros.
O que diz o último Boletim Focus? |
Segundo o relatório divulgado em 14 de abril, a previsão para a Selic é de 15% em 2025 e 12,50% em 2026. Para os dois anos seguintes, a expectativa é que a taxa básica de juros fique em 10,50% e 10%. |
“Se o investidor acredita que a Selic vai cair, por exemplo, pode fazer sentido garantir hoje uma remuneração mais alta, especialmente se ela for superior às projeções futuras. Mas se ele não tem essa convicção, corre o risco de travar uma taxa e ver o mercado subir depois, desvalorizando o título.”
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Ele cita como exemplo o Tesouro Prefixado 2028, que chegou a pagar 14% ao ano. “É uma taxa elevada historicamente. Mas se o investidor precisar vender antes do vencimento, e os juros subirem, ele pode sair no prejuízo por causa da marcação a mercado. Agora, se puder levar até o fim, ele garante esse rendimento.”
Outras opções além do CDB: pós-fixado, IPCA+, LCIs e debêntures
Para quem está reinvestindo agora o dinheiro de um CDB vencido, há diversas alternativas na modalidade. Guilherme destaca algumas delas:
- Tesouro Selic e CDBs pós-fixados: indicados para quem quer mais liquidez e deseja acompanhar os juros atuais;
- Tesouro IPCA+ e outros indexados à inflação: protegem o poder de compra no longo prazo;
- Prefixados: exigem mais análise, mas podem ser vantajosos se os juros realmente caírem;
- LCIs e LCAs: oferecem isenção de IR, mas têm liquidez mais limitada;
- Debêntures incentivadas: também isentas, com boas taxas, mas exigem atenção ao risco de crédito.
“Hoje, o título público ainda entrega a melhor relação risco-retorno para o investidor pessoa física, especialmente para quem está começando”, afirma Guilherme.
O que considerar antes de reaplicar?
O especialista também ressalta que a liquidez precisa estar de acordo com o prazo que o investidor planeja deixar o dinheiro aplicado. Parece básico, mas é um erro recorrente dos investidores.
“Se você sabe que vai precisar do dinheiro em dois anos, não pode aplicar em um título com vencimento em cinco. Se precisar resgatar antes, pode sair no prejuízo. Por isso é tão importante ter uma reserva de emergência, que serve justamente para cobrir imprevistos e evitar mexer nas aplicações principais.”
Além disso, taxas altas demais também merecem atenção, já que podem sinalizar maior risco de crédito. “Cabe ao investidor avaliar quem está emitindo aquele título e se ele está disposto a correr o risco associado àquele retorno”, ressalta Guilherme.
É sobre casar o produto certo com o prazo certo, entendendo quem está do outro lado da operação e o que você espera do dinheiro daqui a dois, três ou cinco anos. “A decisão mais rentável, às vezes, não é a de maior retorno nominal, mas a que protege seu plano de longo prazo”, conclui Guilherme.