Juros altos e volta de prazo menor de resgate elevam atratividade das LCIs; veja vantagens e desvantagens
Após a volta de prazo reduzido para resgate e em meio à alta nas taxas de juros, os estoques de LCIs subiram 4,5% nos últimos três meses
Após a mudança para um prazo menor de resgate e em meio ao aumento nas taxas de juros, as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) se tornaram mais atrativas para o investidor. Não por acaso, os estoques desses papéis encerraram novembro em R$ 380 bilhões. Ou uma alta de 4,5% na comparação com o final de agosto, de acordo com dados da B3.
O principal motivo para esse avanço está relacionado à política monetária. Após três reuniões de estabilidade, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) voltou a subir a taxa básica de juros (Selic) a partir da reunião de 18 de setembro. O mercado acredita que esse movimento de aumentos na Selic se mantenha nos próximos meses.
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“Em cenários de juros altos, as LCIs se destacam como uma opção atrativa, pois oferecem remuneração atrelada ao CDI ou à inflação, refletindo diretamente os aumentos da Selic”, aponta Rafael Bellas, coordenador de produtos da InvestSmart XP.
Isentos de IR
É a mesma avaliação de Harion Camargo, consultor de investimentos, que lembra que o fato de esses títulos serem isentos de Imposto de Renda os tornam especialmente interessantes para pessoas físicas.
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“Esse fator torna a LCI uma alternativa vantajosa em relação a outras aplicações tributadas, como CDBs [Certificados de Depósitos Interbancários], ainda que o mercado imobiliário, que impacta essas emissões, também influencie a oferta e as taxas dos títulos”, diz Camargo.
A LCI é um papel de emissão bancária, assim como os CDBs, com a diferença que são isentos de IR, e sua remuneração pode ser prefixada, atrelada ao IPCA ou pós-fixada. Assim como os CDBs, esses papéis têm a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) no valor de até R$ 250 mil.
Os recursos levantados com as LCIs devem ser direcionados ao setor imobiliário. Com o objetivo de financiar a compra de casas e projetos de construção ou incorporação.
CMN reduziu prazo de resgate da LCI
O aumento da demanda por esses papéis está relacionado também a outro fator positivo: a decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional), tomada em 22 de agosto, de reduzir o prazo mínimo de vencimento da maior parte das LCIs de 12 meses para 9 meses.
A medida igualou o prazo para resgate ao das LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio). Assim, melhorando a atratividade dos títulos imobiliários.
“Houve uma percepção de mudança na demanda por LCIs após a decisão do CMN. Mas o impacto, até o momento, pode ser considerado moderado”, avalia Bellas. “Essa mudança parece estar se consolidando de forma gradual, à medida que investidores avaliam as novas condições e ajustam suas estratégias de renda fixa.”
Quais as vantagens das LCIs?
Dessa forma, a isenção do Imposto de Renda é, sem dúvida, a principal vantagem do papel. Já que automaticamente eleva sua rentabilidade na hora do resgate.
“Além disso, são consideradas seguras, graças à proteção oferecida pelo FGC, e geralmente apresentam uma rentabilidade competitiva, especialmente em períodos de taxas de juros elevadas”, diz Bellas.
Ele ressalta que há uma variedade de opções disponíveis no mercado. O que permite que o investidor escolha entre diferentes prazos e formas de remuneração, conforme suas necessidades.
E quais as desvantagens das LCIs?
Por outro lado, há algumas desvantagens desse investimento, que devem ser levadas em conta pelo investidor.
“A baixa liquidez é um dos principais fatores. Já que, na maioria dos casos, o investidor precisa manter o dinheiro aplicado até o vencimento. Ou cumprir períodos de carência”, aponta Bellas.
Especialistas lembram ainda que, apesar de o FGC oferecer segurança, é necessário avaliar com cuidado o risco de crédito da instituição emissora. Da mesma forma que os CDBs.
O principal cuidado, diz Antônio Sanches, analista de research da Rico, é ter em mente a necessidade de “casar” a LCI com o seu objetivo de longo prazo.
“Precisa alinhar a liquidez desse investimento com o objetivo pretendido, já que, se o investidor tentar vender o título no mercado secundário, pode até ter prejuízo. Então é essencial alinhar o prazo”, recomenda.
LCIs são para qual perfil?
Por fim, as LCIs costumam ser indicadas para investidores conservadores ou moderados. Ou seja, que querem diversificar a carteira de renda fixa com prazos mais longos.
“A LCI é um investimento conservador. Então acaba trazendo pouco risco à carteira do investidor”, avalia Sanches, analista da Rico. “Com as rentabilidades atuais, consideravelmente altas, se encaixam na carteira de qualquer perfil de investidor. Do mais conservador ao mais agressivo.”