Conheça estratégias de investimentos para fugir do atual cenário de incerteza

- Incerteza econômica global impulsiona busca por investimentos menos voláteis.
- Estratégias como ‘Flight to quality’ (investimento em títulos do Tesouro americano) oferecem segurança e retorno.
- Bonds de curto prazo, emitidos por governos sólidos, também minimizam riscos e oscilações.
- Notas estruturadas com proteção de capital são opção para investidores que buscam previsibilidade.
- Recomenda-se revisão semestral das estratégias de investimento para adaptação às mudanças do mercado e objetivos pessoais.
O pacote de tarifas imposto pelo governo dos Estados Unidos a vários países causa crescente incerteza econômica mundial. E isso, claro, podem colocar alguns investimentos, principalmente aqueles com grandes retornos, em situação de maior oscilação. É aí que entram em cena as estratégias de investimentos menos voláteis, como a chamada ‘Flight to quality’.
Afinal de contas, o aumento na volatilidade pode diminuir o apetite por risco entre investidores. “Consequentemente, muitos estão liquidando suas posições em ações, fundos e criptomoedas, redirecionando uma parcela maior de seus portfólios para ativos considerados livres de risco, como certos títulos soberanos, que representam investimentos em renda fixa”, comenta Rogério Paulucci Mauad, professor de finanças e mercados financeiros da FIPECAFI.
‘Fligh to quality’ para fugir da volatilidade
Um desses planos de ação para tentar conter as oscilações dentro da carteira de investimentos, segundo Mauad, chama-se ‘Flight to quality’.
“Quando há aversão ao risco, investidores globais liquidam seus investimentos arriscados e realocam recursos para os treasuries, que são os títulos de renda fixa emitidos pelo tesouro norte-americano. Atualmente, esses ativos pagam uma taxa de juros por volta de 4% a 4,5% ao ano”, explica o professor.
Ainda de acordo com o especialista da FIPECAFI, os investimentos em treasuries são considerados seguros porque o governo norte-americano nunca esteve em situação de default. “Ou seja, sempre honrou os pagamentos dos títulos. Além disso, esses ativos oferecem segurança do pagamento de juros em dólar durante períodos de incertezas nos mercados como o atual. Sem esquecer que esses títulos possuem excelente liquidez, ou seja, caso o investidor deseje vender os títulos antes do vencimento, não haverá dificuldades para converter seu investimento em dinheiro”, argumenta.
Baixa oscilação real
Além disso, a volatilidade desses títulos usados na estratégia ‘Flight to quality‘ é estruturalmente baixa, especialmente em ativos de curto e médio prazo. “O índice MOVE (que mede a volatilidade implícita nos treasuries), por exemplo, costuma apresentar níveis significativamente inferiores ao VIX (que mede a volatilidade das ações do S&P 500)”, menciona o professor.
Bonds de curto prazo é boa estratégia?
E além da estratégia ‘Flight to quality’, Leandro Ormond, analista da gestora de patrimônio Aware Investments, menciona o investimento em bonds, que quando emitidos por governos sólidos ou empresas com grau de investimento, oferecem baixo risco de crédito.
“Quando combinados com prazos mais curtos, eles também têm menor sensibilidade a oscilação das taxas de juros. O que significa, então, menos volatilidade. Sem esquecer que esses ativos são negociados em moedas fortes, o que ajuda a proteger o patrimônio em termos reais”, explica.
Notas estruturadas entram no radar
Outra boa estratégia de investimento menos volátil que o analista pontua é investir em notas estruturadas com proteção total ou parcial do capital.
“Esses produtos permitem uma exposição controlada a mercados de risco, como ações ou índices, mas com alguma proteção embutida. É possível montar estruturas que garantem 100% do capital no vencimento. O que limitam as perdas até um determinado ponto. Portanto, elas são especialmente úteis para quem busca mais segurança e previsibilidade”, afirma Ormond.
Estratégias merecem revisões semestrais
E para que as estratégias de investimentos estejam de acordo com o perfil e objetivos do investidor, o ideal é que elas sejam revistas a cada seis meses. E isso serve tanto para ‘Flight to quality’ quanto para outros planos de ação.
“Ainda assim, é importante sempre estar atento a mudanças relevantes no cenário macroeconômico, como alterações nos juros globais, inflação ou questões geopolíticas. Ou ainda a mudanças pessoais do investidor, como seus objetivos de vida e sua tolerância ao risco. Dessa forma, uma revisão periódica ajuda a manter a carteira alinhada com o que o investidor realmente precisa”, acredita o especialista.
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