Falta chifre ao touro? S&P 500 e bolsas dos EUA deixam de ser atrativas para UBS
- O UBS rebaixou a recomendação de ações americanas de ‘compra’ para ‘neutra’.
- Apesar do S&P 500 ter recuperado perdas após a trégua comercial, o banco prevê queda marginal até o fim do ano.
- A economia americana ainda precisa se ajustar às tarifas de Trump, criando incertezas para as ações.
- O UBS acredita que o mercado de ações americano continuará aquecido até o início de 2026, com destaque para setores como tecnologia e energia elétrica.
- O banco considera o preço atual do S&P 500 como uma combinação balanceada de risco e recompensa.
Após o S&P 500, índice de referência do mercado acionário dos Estados Unidos, finalmente zerar a queda acumulada desde o tarifaço de Donald Trump, o banco UBS rebaixou nesta quarta-feira (14) a recomendação de investimento sobre ações de bolsas de valores dos EUA de atrativas, ou ‘compra’, para neutra.
Investidores já estão colocando a trégua da guerra comercial entre China e EUA nos preços das ações do S&P. Mas o banco projeta queda marginal do índice até o final do ano, de 5.884 para 5.800 pontos.
O diretor-executivo de investimentos do UBS para equities nos EUA, David Lefkowitz, afirma que a perspectiva do banco sobre o mercado americano “não é negativa”, mas a economia vai precisar se ajustar às tarifas de Trump. “Elas podem levar os dados a piorarem por um tempo, criando uma barreira para ações.”
UBS não quer ser pego ‘de calça curta’
Em relatório, Lefkowitz e sua equipe de analistas alteraram a recomendação de investimentos de ações nas bolsas de valores dos EUA justamente porque elas se recuperaram do impacto do tarifaço de Donald Trump. E isso, na visão do banco, reduz a possibilidade novos gatilhos de valorização.
“Nosso corte de recomendação não pode ser confundido com uma visão negativa”, diz o executivo do UBS. O mercado de ações americano deve continuar aquecido e no modo ‘touro‘ até o começo do ano que vem, quando as principais ações do S&P 500 devem voltar a subir.
Mas a economia americana mal sentiu os efeitos da atual política comercial do presidente dos EUA. E vai precisar se ajustar.
“O que pode gerar um desafio adicional às ações americanas”, comentou o time do UBS.
Nesse sentido, o banco montou uma posição de compra em bolsas de valores dos EUA assim que Trump recuou sobre tarifas de importação pela primeira vez. “Em 10 de abril, recomendamos a compra de bolsa americana após a pausa em tarifas ‘recíprocas'”, disse, lembrando que o S&P subiu 11% desde essa data.
Assim, o índice voltou ao patamar em que estava antes do Liberation Day de Trump.
S&P 500 voltou a balancear ‘risco e recompensa’
O UBS vê o preço do S&P hoje como “combinação balanceada entre risco e recompensa”. Mais balanceado do que antes do início da briga entre China e EUA, já que, a qualquer momento, Trump pode provocar um novo choque tarifário.
Mesmo com incerteza no horizonte, o UBS acredita na alta do mercado de ações americano após o choque inicial na economia.
“O bull market está intacto e pode avançar em 2026″, disse Lefkowitz.
“Depois de digerir as tarifas, a economia americana deve crescer”, prosseguiu em documento. “A partir de aumento de salário mínimo, maior clareza da política fiscal, desregulamentação e, sobretudo, cortes do Fed”.
As maiores apostas do UBS no S&P 500? IA (tecnologia) e energia elétrica. Este último está 20% a 30% exposto ao consumo de energia por inteligência artificial. “Investidores vão continuar preferindo setores como os de tecnologia, com companhias de alta qualidade e com crescimento secular.”
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