Não é toda renda fixa que interessa neste momento: saiba onde não investir agora
Com projeção de aumento da taxa de juros nos próximos três meses, alguns ativos devem ser evitados

Nos dias 6 e 7 de maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne mais uma vez para definir em qual patamar ficará a taxa de juros básica da economia, a Selic. De acordo com o Boletim Focus, a projeção é que, mais uma vez, ocorra um aumento da Selic. “Deve ser algo em torno de 0,75 ponto percentual, fazendo os juros chegarem a 15%”, comenta Johnny Mendes, professor de finanças da Faculdade ESEG.
A renda fixa então se mantém em destaque.
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“Com altas taxas de retorno na renda fixa, não há motivos para correr riscos em outros tipos de investimentos. A volatilidade extrema da renda variável mostra que ninguém sabe muito o que fazer e como precificar os ativos. Então, é melhor colocar os recursos na renda fixa”, afirma Fernando Camargo Luiz, gestor da Trópico Investimentos.
Por isso, é natural que os investidores busquem saber onde investir nesse grupo de ativos. Mas, e o contrário? Ou seja, onde não investir na renda fixa nesse 2º trimestre com a Selic aumentando?
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A Inteligência Financeira conversou com alguns especialistas que indicaram ativos que merecem atenção em momento de juros em alta.
Onde não investir na renda fixa
Vale destacar que junto com a Selic vem também a incerteza com que o mercado mundial lida atualmente diante das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump.
“Esse contexto de potencial recessão econômica e impacto inflacionário faz com que os títulos prefixados possam trazer um certo prejuízo aos investidores. Afinal de contas, quando a expectativa é dos juros subirem, esses ativos se desvalorizam”, explica Filipe Arend, head de renda fixa na Faz Capital.
O que acontece é que os títulos prefixados travam uma taxa de retorno. Desse modo, se a Selic continuar subindo, isso pode resultar em perdas para quem vender antes do vencimento, a chamada marcação a mercado.
No entanto, o momento é de bastante incerteza. O próprio Bradesco entende que o Copom deve começar a cortar a taxa de juros em dezembro. Assim, o ciclo de aperto monetário se encerraria com a taxa em 14,75% ao ano.
Diversificação é peça-chave
Vale destacar, no entanto, que é sempre importante lembrar da importância de diversificar.
Inclusive dentro da própria renda fixa.
“Mesmo em um cenário de alta dos juros, pode ser interessante manter uma parcela menor da carteira em títulos prefixados. Especialmente para quem tem objetivos e prazos bem definidos”, afirma Mendes.
O professor conta ainda que uma alocação equilibrada poderia ser composta por 80% de títulos pós-fixados e 20% de prefixados. “Claro que é necessário respeitar o perfil do investidor e as expectativas econômicas para o restante do ano”, acrescenta.
Demais ativos para não investir na renda fixa
Mas não são apenas os títulos prefixados que entram no grupo de onde não investir na renda fixa nesse segundo trimestre. Outro ativo bastante conhecido dos brasileiros e que sai perdendo no retorno financeiro é a caderneta de poupança.
De acordo com Pedro Sangaletti, especialista da Valor Investimentos, esse ativo fica muito atrás na rentabilidade em comparação a outros produtos também populares, como o CDB ou o Tesouro Direto.
“A poupança, nesse momento de Selic alta, está rendendo cerca de 0,5% ao mês. O que dá uma rentabilidade no final do ano de algo como 6%. Então, em um momento em que o Tesouro Direto está pagando 14,25%, não faz sentido manter o dinheiro na poupança”, analisa.
Debêntures e fundos de renda fixa
Fora os prefixados e a poupança, o grupo de ativos a se evitar na renda fixa também tem debêntures de empresas com alto risco de crédito e os fundos de renda fixa com elevadas taxas de administração.
“Referente às debêntures, elas não são recomendadas em um ambiente de juros elevados, pois são empresas mais frágeis que enfrentam maiores dificuldades financeiras. O que aumenta o risco de inadimplência. Isso porque essas companhias com menor solidez financeira podem enfrentar dificuldades para honrar seus compromissos em um ambiente de crédito mais caro”, comenta Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos.
Além destes, o especialista conta que os fundos de renda fixa com altas taxas de administração não são boas opções, pois podem corroer a rentabilidade do investimento.
“Por exemplo, um fundo que investe majoritariamente em Tesouro Selic pode ter um retorno bruto de 14,25% ao ano, mas se cobra 1% de taxa de administração, o rendimento cai para cerca de 13,25% – antes mesmo do Imposto de Renda. Enquanto isso, um investimento direto no Tesouro Selic pela plataforma do Tesouro Direto, que não cobra essa taxa, preserva quase todo o retorno”, analisa o planejador financeiro.
Além disso, Patzlaff conta ainda que os fundos sofrem a incidência do come-cotas, uma antecipação semestral do Imposto de Renda sobre os rendimentos. “E isso reduz o efeito dos juros compostos no longo prazo e impacta a rentabilidade acumulada. Além disso, os fundos não oferecem isenção de IR para pessoas físicas, como ocorre com as LCIs e LCAs, por exemplo”, conclui.