ETFs no radar: quais valem a pena com juros (ainda) altos e incertezas econômicas?
- Especialistas recomendam ETFs internacionais para diversificação em cenário de juros altos e instabilidade econômica.
- ETFs setoriais globais (tecnologia e infraestrutura) são boas opções de médio prazo.
- ETFs de renda fixa geram opiniões divergentes; alguns preferem selecionar títulos individualmente.
- Ouro e criptomoedas (GOLD11 e HASH11) são sugeridos para diversificação e proteção.
- Estratégias combinadas, incluindo ETFs de curto prazo e internacionais, são indicadas para navegar a transição econômica.
Com o ciclo de juros ainda indefinido no Brasil e um cenário de instabilidade econômica, a busca por estratégias de diversificação pode ganhar força. Para investidores que optam pelos ETFs, os fundos de índice, a pergunta é: quais produtos fazem mais sentido agora?
Segundo Felipe Sant’Anna, especialista em investimentos do grupo Axia Investing, ETFs internacionais são a escolha mais prudente neste momento.
“Estamos com o ciclo de alta da Selic indefinido. Parte do mercado acredita que chegaremos ao topo nesta reunião, parte ainda vê um incremento nas próximas, apenas reduzindo a magnitude dos aumentos”, afirma.
Com um real fraco e poucas notícias positivas no cenário interno, a recomendação de Sant’Anna é buscar proteção lá fora. “É fundamental dolarizar parte do patrimônio e carteira, considerando que o dólar sempre foi um ativo de proteção e, no caso dos brasileiros, preserva de certa forma o poder de compra.”
Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, destaca ainda os ETFs setoriais globais. “Temas como tecnologia (TECH11) ou infraestrutura (ECOO11) são boas apostas para o médio prazo, especialmente em um ambiente de retomada da economia global.”
E os ETFs de renda fixa?
Embora muitos investidores estejam de olho nos ETFs de renda fixa para aproveitar os juros altos, esse tipo de fundo divide opiniões neste momento. “Não sou um grande fã. Prefiro uma seleção de títulos privados e públicos, mesclando pré e pós-fixados”, ressalta Felipe Sant’Anna.
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Na visão dele, os ETFs de renda fixa podem diluir a estratégia de investimento, já que não permitem a personalização necessária em um momento que exige um olhar atento à movimentação do Banco Central, da inflação e da política fiscal.
“Com o cenário doméstico ainda deteriorado, não vejo um ciclo de baixa da Selic no horizonte. Apostaria na continuidade da proteção de capital, e não na melhora dos indicadores.”
Por outro lado, Belitardo acredita que ETFs como o IMAB11, que acompanha os títulos públicos atrelados à inflação, e o DEBB11, de debêntures, tendem a se beneficiar da marcação a mercado com um início de queda de juros.
Diversificação com proteção: ouro e cripto
Na renda variável, Belitardo aponta o SMAL11, que reúne ações de pequenas empresas brasileiras, como uma opção interessante. Principalmente para aqueles que acreditam em uma queda da Selic no médio prazo.
“Historicamente, as small caps se recuperam com mais força em ciclos de corte da Selic, já que são mais sensíveis à retomada econômica”, diz o gestor.
Para quem deseja montar uma carteira mais diversificada usando ETFs, Sant’Anna sugere equilíbrio. “Eu ficaria com ouro (GOLD11), uma camada de criptomoedas (HASH11), um pouco de VOO11 e NASD11. Tudo no mundo dos investimentos é proteção, diversificação e resiliência.”
Estratégias combinadas para atravessar a transição
Para atravessar este momento de transição da economia, com juros ainda altos, mas risco político no radar e inflação pressionando, a combinação de diferentes tipos de ETFs pode ser a chave.
“A estratégia ideal mescla ETFs de renda fixa de curto prazo com ETFs internacionais, para compor um núcleo defensivo e líquido, e alocações táticas em setores promissores da renda variável”, explica Belitardo. Ele sugere manter parte da carteira em produtos mais conservadores no curto prazo, enquanto se posiciona para capturar a valorização dos ativos com a queda futura da Selic.
Entendendo os ETFs
Os ETFs (Exchange Traded Funds) são fundos que replicam o desempenho de um índice, setor ou classe de ativos, como renda fixa, ações de tecnologia, ouro ou até criptomoedas. Eles funcionam como uma cesta de investimentos e são negociados na bolsa de valores.
A principal vantagem é a diversificação automática, com taxas geralmente mais baixas do que fundos tradicionais.
Ao escolher um ETF, o investidor pode optar por diferentes tipos, isso de acordo com o seu perfil e os objetivos da carteira. Existem os ETFs de ações locais, por exemplo, que replicam índices como o Ibovespa; os ETFs de renda fixa, que investem em títulos públicos ou privados; e os ETFs temáticos, que focam em setores específicos.
Antes de investir em um ETF, é importante entender a composição do fundo e o índice que ele acompanha, além de avaliar sua liquidez e as taxas cobradas.
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