Luis Stuhlberger, da Verde Asset, zera aposta em dólar e volta a comprar ouro após 1 ano e meio
Tarifas de Trump geram perda de hegemonia dos EUA sobre mercados globais, diz Stuhlberger, da Verde Asset; Fundo Verde volta a comprar ouro
O Fundo Verde refez parte de sua carteira de ativos em abril para se adaptar ao abalo global provocado pelas tarifas de importação de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Para Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset e responsável pelo Fundo Verde, foi a oportunidade perfeita para comprar ouro pela primeira vez desde setembro de 2023, além de aumentar a exposição a criptomoedas.
Por outro lado, ele largou um ativo que carrega sua marca registrada: zerou exposição ao dólar.
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Com as mudanças, o Fundo Verde obteve resultado positivo contra o CDI, benchmark da indústria de fundos multimercado do qual faz parte. O fundo multimercado teve desempenho de 1,90% por cota, contra retorno de 1,06% da taxa atrelada aos juros. Na carta da Verde Asset, Luis Stuhlberger diz que as tarifas de Trump marcaram uma queda da hegemonia do dólar no mundo.
Fuga de capitais dos EUA é ‘estrutural’, diz Luis Stuhlberger
O anúncio massivo de tarifas e encontro desastroso entre Trump e Volodymyr Zelenskyy, presidente da Ucrânia, mostraram ao mundo que os EUA perderam a hegemonia sobre a economia global – assim como o dólar.
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Em abril, a moeda americana se desvalorizou 4,55% contra pares de economias importantes, como o euro e o iene, conforme o índice DXY. No mesmo período, o dólar registrou queda de 0,54% contra o real.
Stuhlberger avalia que o mercado girou sua carteira à procura de ativos fora das bolsas e mercados americanos, o que marca uma reversão de tendência “estrutural” nas palavras do gestor da Verde Asset.
“Os investidores de fora dos EUA passaram os últimos dez anos aumentando sistematicamente sua exposição aos ativos americanos”, comentou Luis Stuhlberger na carta do Fundo Verde.
“E, agora, vivemos os estágios iniciais de um processo estrutural de realocação de capital”, completou.
A Verde Asset deixou a exposição do Fundo Verde ao dólar zerada. Até abril, a aposta era de uma valorização do dólar sobre o renmibi, moeda da China.
No lugar, a Verde Asset aumentou exposição a criptomoedas e comprou ouro pela primeira vez desde setembro de 2023.
“Iniciamos pequenas posições compradas no ouro e no real”, diz Stuhlberger ao se referir à moeda local.
Verde Asset fica de fora de rali do Ibovespa
Em abril, o fundo chefe da Verde Asset manteve alocação zerada em bolsa brasileira mesmo com a alta mensal de 3,70% do Ibovespa.
De acordo com Luis Stuhlberger, a recuperação de ativos de risco vem a partir de um “otimismo exagerado”.
“O mercado brasileiro se mantém passageiro em meio às turbulências globais”, disse o gestor do Fundo Verde. Para ele, pressões fiscais e o “pouco apetite” do governo brasileiro em austeridade fiscal continuam como uma pressão contra a bolsa de valores.
A Verde Asset entende, hoje, que o melhor investimento a ser feito no mercado local é em títulos de renda fixa IPCA+ (NTN-B) com prazos médios na curva de juros.
“O fundo manteve sua posição liquidamente vendida na bolsa brasileira, e reduziu sua exposição global novamente. As posições de juros reais no Brasil e inflação implícita nos EUA foram mantidas”, concluiu Luiz Stuhlberger em sua carta a cotistas do Fundo Verde.
Assim, o fundo hedge acumula retorno positivo de 4,75% contra 4,05% do CDI.
Contudo, em abril, o índice de fundos hedge da Anbima (Associação Brasileira de Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais) registrou avanço de 4%.