Fundos de investimento terminam primeiro trimestre com saída líquida acumulada de quase R$ 40 bilhões, aponta Anbima

Os fundos de investimento encerraram o primeiro trimestre de 2025 no negativo. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), esses produtos tiveram capitação líquida acumulada negativa de R$ 39,8 bilhões. No mesmo período de 2024, os fundos acumularam R$ 119,2 bilhões. Ou seja, na comparação entre os dois anos, houve queda de R$ 159 bilhões na capitação líquida dos fundos de investimentos.
Concorrência com ativos isentos
Mas, o que pode justificar esse dado negativo?
Para Pedro Rudge, diretor da Anbima, os fundos de investimento concorrem com alguns outros produtos que acabam às vezes oferecendo características bem positivas. “E aí, estamos falando de títulos isentos, como CRI, CRA, LCI, LCA, que continuam atraindo investidores e ainda não pagam Imposto de Renda. Então, isso continua a ser uma assimetria bastante relevante que torna a competitividade do produto fundo mais difícil quando comparado com produtos similares ou que tenham retornos e riscos similares, mas com algumas vantagens fiscais”, acredita.
Fundos de investimento em renda fixa têm melhor performance
Dentro da capitação líquida por classes de ativos, os fundos de investimento em renda fixa continuam sendo aqueles com melhor performance. Ainda de acordo com o relatório da Anbima, nesse primeiro trimestre, o produto capitou R$ 43,2 bilhões.
Capitação líquida por classe

A justifica fica por conta da taxa de juros, que segue alta. Em um cenário como o atual, o investidor busca alternativas mais conservadoras, já que o retorno é substancial.
O que esperar dos fundos de investimento?
Já quando mira o futuro, Rudge afirma ser incerto prever o que esperar para os fundos de investimento. E tudo isso por conta do mercado global. “Toda essa discussão de tarifas, (vinda do governo norte-americano), gera uma incerteza no mundo todo. Desse modo, empresas acabam fazendo menos investimentos e postergando decisões. Além disso, existe o cenário de uma possível recessão americana. Ou seja, é tudo muito incerto”, argumenta.
O diretor da Anbima diz ainda que com os juros no patamar atual, existe uma certa expectativa de que os produtos mais conservadores continuem bastante atraentes.
“É de se esperar, portanto, que a renda fixa continue atraindo recursos. Difícil tentar imaginar em qual magnitude, se maior ou menor que o primeiro trimestre. A gente continua em um ambiente de incertezas. E agora a maior incerteza vem do mercado global e como que isso tem impactos no Brasil, na economia e eventualmente nos juros. Está muito cedo para ter uma visão muito clara, porque as coisas estão acontecendo a toda hora”, conclui o executivo.
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