Família Trump acumula quase US$ 1 bi com NFTs, memecoins e até mineração de bitcoin

- A família Trump acumulou cerca de US$ 1 bilhão com investimentos em NFTs, memecoins, mineração de Bitcoin e DeFi.
- Os projetos incluem colecionáveis digitais, uma stablecoin e um ETF proposto.
- Apesar de críticas e polêmicas, a família expandiu seus negócios no setor cripto, mesmo com mudanças de posicionamento público sobre o bitcoin.
- Eric Trump afirma não haver conflitos de interesse entre os negócios da família e a Casa Branca.
- Especialistas apontam que a família Trump busca se posicionar no mercado cripto antes de novas regulamentações.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e sua família têm se envolvido em praticamente todos os cantos da indústria de criptoativos.
Entre os projetos, estão tokens não fungíveis (NFTs), colecionáveis digitais, uma iniciativa de finanças descentralizadas (DeFi), uma proposta de stablecoin, a mineração de Bitcoin e até dois memecoins — um para o próprio Trump e outro para a ex-primeira-dama Melania Trump.
Somando tudo, os projetos da família já se aproximam de US 1 bilhão em ganhos, mesmo após a recente volatilidade do mercado causada pela nova rodada da guerra comercial, segundo cálculos da “Bloomberg” com base em dados públicos.
Trump já era o presidente mais rico da história dos EUA antes mesmo de investir em cripto. Seus ativos incluem grandes investimentos imobiliários.
Após ser eleito em 2016, seus advogados criaram um fundo fiduciário para gerenciar seus negócios, administrado por seus dois filhos mais velhos e por Allen Weisselberg, ex-diretor financeiro do grupo Trump.
Terceiro filho do presidente americano, Eric Trump tem afirmado que “não há conflitos” envolvendo os investimentos da família da indústria de criptoativos.
“Não trabalho com a Casa Branca”, disse Eric à Bloomberg TV em abril. “Acreditamos em cripto há muito tempo.”
A adesão pública de Trump ao setor é recente. Em 2021, ele ainda chamava o bitcoin de “fraude” e dizia à Fox Business que era contra a moeda por “competir com o dólar” e que ela deveria ser “altamente regulamentada”.
Desde então, sua relação com o setor mudou. Durante a campanha presidencial, ele recebeu doações significativas de executivos e defensores das criptos.
Já em seu segundo mandato, assinou ordens executivas com a promessa de transformar os EUA na capital mundial das criptos, nomeou David Sacks e Bo Hines para representar os interesses do setor e continua promovendo seu memecoin na rede Truth Social.
“Trump e sua família parecem ansiosos para garantir uma posição sólida no setor antes que novas regulações aumentem o valor dos criptoativos”, avalia Eswar Prasad, professor da Universidade Cornell.
Veja, abaixo, como evoluiu o portfólio cripto da família Trump:
NFTs, em dezembro de 2022
Trump entrou no mundo das criptos depois de se encantar com seus próprios colecionáveis digitais. A ideia foi apresentada por Bill Zanker, amigo do presidente e fundador da empresa The Learning Annex. As “Trump Trading Cards”, com imagens dele em poses e trajes variados (como super-herói), já somam quatro coleções.
No ano passado, ele organizou jantares com fãs que compraram os NFTs, que renderam milhões de dólares, segundo documentos financeiros.
Finanças Descentralizadas (DeFi), em setembro de 2024
A família Trump lançou o projeto World Liberty Financial antes das eleições. Desde então, a iniciativa comprou milhões em outras criptos, como ether e tron, mas ainda não entregou os serviços prometidos, como empréstimos diretos sem intermediários. Uma empresa ligada a Trump recebe 75% da receita líquida do projeto, incluindo a venda dos tokens.
A família possui 60% da participação acionária, via a empresa DT Marks DeFi. A empresa levantou US$ 550 milhões com a venda dos tokens, após concluir a segunda rodada no mês passado.
Entre os fundadores está Zach Witkoff, filho de Steve Witkoff, que ajudou a conectar a família Trump com outros participantes da indústria. Desde a venda inicial dos tokens, em outubro, surgiram críticas sobre potenciais conflitos de interesse, dado o poder regulatório da administração.
Os filhos do presidente, Donald Jr., Eric e Barron Trump, estão listados como “conselheiros Web3” do projeto e promovem ativamente a iniciativa.
Memecoins, em janeiro de 2025
Na véspera da posse, Trump e Melania lançaram seus próprios memecoins — ativos altamente especulativos, com pouco valor intrínseco. Após um pico inicial que gerou mais de US$ 11,4 milhões em taxas para entidades ligadas a Trump apenas em janeiro, os preços despencaram.
A iniciativa gerou reações divididas no setor, com críticos dizendo que prejudica os esforços para dar legitimidade ao mercado. Duas empresas ligadas aos Trump — CIC Digital e Fight Fight Fight — detêm 80% da oferta dos tokens, com liberação programada em três anos.
ETFs, em fevereiro de 2025
A empresa Trump Media & Technology Group, da famíllia, anunciou em fevereiro o pedido de registro de marcas para produtos de investimento alinhados às prioridades do presidente, incluindo um “Truth.Fi Bitcoin Plus ETF”.
A empresa afirmou que faria parceria com a Crypto.com para lançar o ETF. Um mês antes da vitória de Trump nas eleições, a SEC havia informado que pretendia processar a Crypto.com por operar uma bolsa de valores não registrada. A investigação foi encerrada em março, segundo a empresa.
Stablecoin, em março de 2025
A World Liberty Financial revelou planos de lançar sua própria stablecoin chamada USD1, atrelada ao dólar e inicialmente emitida nas blockchains Ethereum e Binance Smart Chain. A moeda será respaldada por títulos do Tesouro americano de curto prazo, depósitos em dólar e outros ativos equivalentes.
O anúncio foi feito pouco antes da aprovação de uma lei histórica sobre stablecoins na Comissão de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA. Empresas do setor defendem essas moedas como forma de tornar transações globais mais rápidas e baratas.
*Com informações do Valor Econômico
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