Criptomoedas atreladas ao ouro pegam carona na máxima histórica do metal precioso

Ouro digital atrai investidores na contramão do bitcoin, que patina na esteira da guerra comercial deflagrada por Trump

Sinal de que o mundo cripto vai se transformando numa proxy dos mercados financeiros tradicionais é o fato de que, também na blockchain, o ouro (só que tokenizado) chama a atenção por se tornar um refúgio do investidor ultimamente.

Sim, existem criptomoedas lastreadas em ouro, como Pax Gold (PAXG), da Paxos Trust Company, e o Tether Gold (XAUt), da Tether Investments. Elas sobem mais de 11% no acumulado dos últimos 30 dias, atingindo nesta quarta-feira (16) máximas históricas, acima de US$ 3.300, exatamente como acontece com o ouro físico.

Numa comparação com o mercado cripto geral, o bitcoin até que se recuperou nos últimos dias. Mas vem praticamente andando de lado, em alta de 1,8% no último mês.

Assim como as stablecoins

Essas criptomoedas seguem a mesma lógica das stablecoins, ou moedas digitais estáveis, tokens pareados em divisas fiduciárias, como o BRL ou o BRZ estão para o real.

Inclusive, a mesma Tether, dona da USDT, a stablecoin de dólar mais transacionada no setor, é a proprietária da cripto de ouro líder do mercado, Tether Gold.

E, se cada unidade de USDT é lastreada por US$ 1, aplicado em título de tesouro americano, cada XAUt, diz a empresa, é garantido por uma onça de ouro físico, custodiada na Inglaterra e certificada pela London Bullion Market (LBMA), o principal selo de credibilidade para bolsas de metais preciosos.

Valor de mercado

Pouco conhecidas dos investidores brasileiros, as criptos de ouro estão neste momento entres os ativos digitais que mais se destacam no mercado internacional, segundo dados da Coindesk.

O segmento de criptomoedas em geral tem apresentado tendência de baixa. O bitcoin perdeu mais de 11% de seu valor até agora neste ano, enquanto o mercado de criptomoedas em geral caiu pouco mais de 30%, com base no índice CoinDesk 20 (CD20).

Enquanto isso, a Tether Gold (XAUt) cresceu 23,72% em valor de marcado, saltando de US$ 646 milhões para perto de US$ 800 milhões.

Liquidez do ouro digital

Do ponto de vista de compra e venda, o tempo de uma transação na blockchain é de segundos, o mesmo que o do bitcoin. Grandes corretoras globais de criptomoedas, Bybit, OKX e Bitget, contratam formadores de mercado (market makers) para manter a liquidez desses ativos.

A taxa de corretagem média desses tokens é de 0,02%. Como comparação, no mercado tradicional, cobra-se R$ 75 para um contrato à vista de 250 gramas de ouro, e emolumento da B3 de 0,25%.

Country Manager da Bitget, Guilherme Prado destaca que a procura pelo ativo é praticamente irrelevante no Brasil. “Mas tem grande liquidez pelo mundo”. “É um ativo que, como o ouro físico, serve para dar proteção ao investidor em um momento de muita incerteza do mercado”, afirma.

ETFs de ouro físico

Desde que Donald Trump iniciou a sua guerra comercial contra os parceiros comerciais, principalmente contra China, os investidores correram para o ouro, tido como ativo descorrelacionado dos demais mercados de renda fixa, e seguro em meio às oscilações monetárias.

Relatório da World Gold Concil, associação das empresas da área, aponta que no primeiro trimestre de 2025, o fluxo global de ETFs de ouro com lastro físico foi o segundo maior da história, perdendo apenas para a corrida de março de 2020, quando a ONS declarou a pandemia de covid.

O patrimônio líquidos desses fundos alcançou US$ 345 bilhões e as participações aumentaram 3%, para 3.445 toneladas – acréscimo de 226 toneladas no período.

A procura foi puxada principalmente pelos investidores da América do Norte, que representaram 61% da demanda, contra 22% dos investidores europeus e 16% dos asiáticos.

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