Bitcoin parece mais com ação de tecnologia do que com ‘ouro digital’, aponta estudo de gestora
É bastante comum ouvir que o bitcoin é uma espécie de ‘ouro digital’, por se comportar, em tese, como um ativo que corre por conta própria, o que pode auxiliar o portfólio como uma opção descorrelacionada do cardápio.
No entanto, um relatório da gestora Franklin Templeton coloca sérias dúvidas sobre essa crença. Na verdade, segunda a casa norte-americana, o bitcoin demonstra forte correlação com ações de tecnologia dos Estados Unidos. Bem mais do que com o ouro, esse, sim, um ativo que continua trilhando trajetória autônoma, distante da bolsa.
O estudo recebeu o nome de ‘When Gold Zigged, Bitcoin Moonwalked‘ (algo como ‘Quando o ouro ziguezagueia, o bitcoin faz moonwalk’, em tradução livre).
O time que estuda ativos digitais na gestora analisou três anos de dados e descobriu que a correlação de preço entre o bitcoin e ouro é fraca.
A pesquisas mostrou que a correlação do bitcoin com o ouro raramente ultrapassa 0,3 em períodos contínuos de 90 dias. Nessa escala, quanto mais perto de um, mais espelhados são os ativos.
Segundo o relatório, embora possam ocasionalmente mostrar algum movimento conjunto, a criptomoeda de referência do mercado e o ouro não se comportam consistentemente de maneira parecida, o que descarta a hipótese de correlação.
Bitcoin é como uma ação de tecnologia
Em vez disso, o bitcoin demonstrou uma proximidade muito mais forte e crescente com o índice de ações da Nasdaq, a bolsa de tecnologia dos Estados Unidos, chegando a compartilhar índice de correlação de 0,7 nos últimos três anos.
“De fato, se regredirmos os retornos do bitcoin nos últimos 3 anos em relação aos retornos de uma estratégia de longo prazo em ouro, descobriremos que o valor de correlação é de 0,28, o que significa que não há significância estatística entre os dois ativos”, diz o relatório. “Isso não acontece com as ações das empresas de tecnologia”, pontua o material.
Fatores para a divergência entre o ouro e o bitcoin
De acordo com a Franklin Templeton, vários fatores estão por trás da divergência. O ouro tem uma adoção institucional de longa data. Bem como liquidez profunda e uma estrutura de mercado robusta, que vem sendo desenvolvida ao longo dos séculos.
O bitcoin, por sua vez, ingressou apenas recentemente nos portfólios dos gestores institucionais. E continua influenciado por dinâmicas emergentes, como mudanças regulatórias, inovação tecnológica e fluxos especulativos.
“A disparidade na maturidade, combinada com a natureza inerentemente mais volátil e orientada pela tecnologia do bitcoin, continua a limitar sua correlação com o ouro, o que sugere que o apelido “ouro digital” pode ser mais uma aspiração do que um reflexo do comportamento real do mercado — pelo menos por enquanto”, observa o relatório.
Bitcoin oscila, mas dentro de mesma banda
O bitcoin ultrapassou a cotação de US$ 84 mil na manhã desta segunda-feira, operando em alta com o alívio do mercado sobre a suspensão das tarifas de Donald Trump aplicadas às importações de itens tecnológicos – como os smartphones da Apple.
Em um mês, no entanto, o ativo andou pouco, alta de apenas 0,28%, segundo dados do CoinMarketCap.
O ouro, por sua vez, hoje faz caminho inverso. O GOLD11, ETF de contratos mais líquido da B3, opera em baixa de 1%. Em 30 dias, contudo, a variação é positiva, de 9,50%.
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