Selic a 14,75%: como investir com inteligência em tempos de juros altos

Investir com inteligência é possível a qualquer momento; entenda como navegar neste momento de juros ainda altos

Com a taxa Selic em 14,75% ao ano, investidores enfrentam um novo cenário de oportunidades e riscos. Neste artigo, explico o que muda na prática, como adaptar sua carteira e por que a renda fixa voltou a ser protagonista.

Quando os juros sobem, o que acontece com o seu dinheiro?

A taxa básica de juros, a Selic é o termômetro da economia. Logo, quando ela sobe, o crédito encarece, o consumo diminui e a inflação desacelera. Na prática, isso impacta diretamente o dia a dia das pessoas – especialmente as que têm dívidas ou tentam guardar algum dinheiro.

Nos últimos anos, saímos de uma Selic de 2% para patamares superiores a 13% e, agora, ela foi elevada para 14,75%. Essa mudança drástica exige uma nova postura do investidor: não basta mais “deixar na poupança” ou apostar em modismos da renda variável. É preciso estratégia.

Por que a Selic influencia tanto seus investimentos?

A Selic serve como referência para todas as demais taxas do mercado – desde o rotativo do cartão de crédito até o rendimento dos investimentos. Quando ela está alta, aplicações de renda fixa passam a pagar mais, enquanto a renda variável perde parte da atratividade, principalmente para quem tem perfil mais conservador.

E aqui vem o ponto chave: entender esse cenário não é só papel de economista ou de quem trabalha no mercado financeiro. Se você quer fazer o seu dinheiro render, precisa compreender como ele ‘respira’ nesse ambiente.

Renda fixa: o retorno do básico com protagonismo

Com a Selic em alta, os investimentos considerados ‘conservadores’ voltaram à cena, e com mais força.

Tesouro Selic e Tesouro IPCA+

Esses títulos públicos são alternativas seguras, com liquidez e previsibilidade. O Tesouro Selic é ótimo para reserva de emergência. Já o Tesouro IPCA+ pode proteger seu poder de compra no médio e longo prazo.

CDBs, LCIs e LCAs

Com a Selic elevada, muitos bancos estão oferecendo CDBs com rendimento de 110% a 130% do CDI, o que significa retornos reais bastante interessantes. As LCIs e LCAs, por serem isentas de Imposto de Renda, também se destacam — especialmente para quem investe valores maiores.

Exemplo prático de como ficaria uma carteira ajustada:

Usando a lógica básica dos investimentos: ‘não coloque todos os ovos em uma só cesta.‘ Vamos imaginar uma pessoa com R$ 20 mil para investir:

• R$ 8 mil (40%) em Tesouro Selic, como reserva de emergência.

• R$ 6 mil (30%) em um CDB de 120% do CDI com liquidez em 6 meses.

• R$ 4 mil (20%) em Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029.

• R$ 2 mil (10%) em um fundo de ações ou ETF, com aportes mensais pequenos e foco no longo prazo.

Essa divisão respeita o momento de juros altos, mas sem abrir mão da diversificação.

Acesse as calculadoras online e demais ferramentas aqui da IF, simule seus investimentos e invista com mais segurança.

E a renda variável? Vale a pena com os juros nas alturas?

Sim, vale! Mas sem abrir mão da estratégia. Quando os juros estão altos, a lógica é migrar para renda fixa. Afinal, por que correr riscos na bolsa se a renda fixa está entregando retornos atraentes com baixo risco?

Entretanto, isso não significa abandonar completamente a renda variável. Pelo contrário, pode ser uma boa hora para:

• Aumentar exposição a ações pagadoras de dividendos, que costumam manter estabilidade mesmo em cenários mais duros;

• Investir em fundos imobiliários, que ainda oferecem boas distribuições mensais;

• Comprar com desconto, aproveitando que muitas ações estão desvalorizadas.

O segredo está na estratégia e no equilíbrio: mais cautela, menos euforia.

O fator emocional: decisões financeiras não são neutras

Aqui entra um ponto que eu sempre gosto de trazer: finanças são sobretudo comportamento, não somente sobre cálculo.

Quando os juros sobem, é natural bater medo, ansiedade ou vontade de correr para o investimento ‘da moda’. Mas cuidado! Muitas vezes isso costuma trazer mais prejuízo do que resultado…

Ter uma estratégia clara, entender seu perfil e respeitar seus objetivos é o que separa o investidor bem-sucedido do investidor impulsivo.

Juros altos exigem inteligência, não pânico

A Selic em 14,75% impõe desafios, mas também traz oportunidades. O segredo está em ajustar sua estratégia, aproveitar a renda fixa como aliada e seguir investindo de forma consciente.

Não se trata de adivinhar o futuro da economia – até porque economistas não fazem previsões, e sim projeções baseadas em análises de mercado -, mas de fazer escolhas mais acertadas no presente.

Investir bem, no fim das contas, é sobre saber usar com inteligência o que se tem – com consistência, clareza e coragem.

Ratifico: economia vai além de números – é, antes de tudo, feita de escolhas.

Leia a seguir

Pular para a barra de ferramentas