Saiba como fica a previsão de queda da Selic após a ata do Copom
A ata do Copom, divulgada nesta terça-feira (13) pelo Banco Central (BC), sugere que o comitê pausou o ciclo de alta, mas a queda da Selic não deve acontecer até o fim de 2025. Essa é a avaliação de Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco.
Para Mesquita, em relatório, os membros do Copom parecem operar sob uma convicção muito forte de que a política monetária está em um nível significativamente contracionista. O que influencia a avaliação geral da conjuntura.
“O comitê está confiante de que a economia já está desacelerando e já observa sinais de alívio no mercado de trabalho. As autoridades preveem uma desaceleração do crédito como consequência do aperto monetário empreendido até então e minimizam o impacto potencial do novo crédito consignado”, escreve.
“O texto (da ata do Copom) repete menções ao patamar alcançado pela política monetária e à necessidade de aguardar os efeitos defasados das altas anteriores, ambos sinais da disposição de manter a taxa inalterada. Estimamos que a projeção de inflação (não apresentada no texto) baseada em uma taxa Selic constante ao longo do horizonte de política monetária seria de 3,3%, provavelmente próxima o suficiente da meta para o comitê”, acrescenta.
Embora a ata do Copom não feche a porta para um aumento adicional da Selic, o economista-chefe do Itaú avalia que o comitê parece estabelecer uma barra alta para tal
movimento.
“Revisamos nossa projeção para a taxa Selic ao final do ciclo para 14,75%. Essa também deve ser a taxa ao final do ano, já que não prevemos condições, nos próximos trimestres, que permitam ao Copom começar a cortar – isso deve ocorrer no início de 2026”, destaca Mario Mesquita no relatório.
Selic hoje em 14,75% é cenário mais provável
Na mesma direção, Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, comenta que o Copom não deverá elevar o juro novamente na próxima reunião, interrompendo o ciclo de alta da Selic em 14,75%. Para o especialista o comitê continuou demonstrando insatisfação com a inflação, sua dinâmica e perspectivas, mas sugeriu que os canais de transmissão da política monetária impactarão os preços em breve.
“Assim, com a etapa inicial dos impactos da contração da política monetária já mostrando sinais claros, é natural considerar que a manutenção da taxa de juros em patamar contracionista será suficiente para que os efeitos se propaguem até a inflação. Vale salientar que a autoridade destaca que a desancoragem é parte relevante da dinâmica inflacionária e que isso está, em grande medida, associado à política fiscal”, escreve em relatório.
“No fim das contas, o texto foi suficiente para reafirmarmos nossa perspectiva de que o ciclo de alta da Selic será interrompido em 14,75%”, reitera Étore Sanchez.
Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, considera que a ata do Copom foi neutra em relação ao comunicado. Segundo ela, o cenário é de bastante incerteza e o juro já bastante restritivo indica que a preferência nesse momento é pelo fim do ciclo.
“Mantemos nossa visão de que a partir de junho a taxa será mantida em 14,75%. O que pode mudar? Novos estímulos fiscais e parafiscais são os principais riscos para a inflação elevada e persistente, bem como a desancoragem nas expectativa. De fato, a ata volta a falar na necessidade de políticas ‘harmoniosas’. Ou seja, enquanto o fiscal permanecer expansionista, o custo para o política monetária seguirá alto.”
Já para a equipe de economistas do C6 Bank, chefiada por Felipe Salles, a ata do Copom enfatiza Selic elevada por período prolongado. Inclusive com a possibilidade de um aperto adicional de 0,25 ponto percentual.
“Houve o acréscimo de alguns parágrafos na ata sobre a política fiscal, o que sugere, na nossa visão, uma preocupação maior em relação ao impacto desta política nas decisões de política monetária. O comitê afirmou que ‘dada a política fiscal corrente e futura, adotará a condução de política monetária apropriada para a convergência da inflação à meta’. Este trecho sugere que, se a política fiscal seguir expansionista, a política monetária terá que compensar esses efeitos com uma taxa de juros elevada por mais tempo”, menciona o time do C6.
“Em suma, acreditamos que a ata de deixa dividida a possibilidade de uma alta de 25 pontos-base ou estabilidade da Selic na próxima reunião. Mantemos nosso cenário de uma Selic terminal de 15%, esperamos uma elevação final de 25 pontos-base na próxima reunião, em junho, mas não descartamos a possibilidade de que o ciclo já tenha terminado”, projetam os economistas.
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