Marina cobra postura ‘sóbria’ do Brasil na COP30 e salienta que evento ‘não é festa’
Ministra do Meio Ambiente cobrou planejamento para os países realmente conseguirem pôr fim ao consumo de combustíveis fósseis, como forma de reduzir drasticamente as emissões de CO2

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, cobrou nesta terça-feira uma postura “sóbria” do Brasil na preparação e na condução da conferência mundial do clima das Nações Unidas (ONU) que será realizada este ano em Belém, no Pará.
“O Brasil, que vai sediar a COP30, eu diria, tem que ter esse espírito de que não é festa, é luta. Não é Copa do Mundo, não é Olimpíada, é uma COP. A gente poderia dizer que nós estamos vivendo a pedagogia do luto, a pedagogia da dor, a pedagogia dos lutos e da dor por muitas coisas, inclusive pela ameaça ao multilateralismo, inclusive pela ameaça à solidariedade e à colaboração entre os povos”, disse a ministra.
Pensando em como gastar menos para investir mais? Inscreva-se agora e tenha acesso gratuito à 'Planilha de Controle Financeiro'. É só baixar e começar!
Marina, ao lado da ministra Sônia Guajajara (Povos Indígenas), participou do “Conectando Clima e Natureza: Recomendações para Negociações Multilaterais”, em Brasília.
“A gente é o país que vai sediar a COP. Não me canso de dizer que é a COP no Brasil, não é a COP do Brasil. É a COP na Amazônia, não é a COP da Amazônia, que deve ser uma COP sóbria, que carregue o peso de termos chegado no ano passado 1,5º de [elevação da] temperatura da Terra”, alertou a ministra.
Últimas em Política
O evento é promovido pelo Grupo de Colaboração para Emergências Climáticas (CECG, na sigla em inglês); The Nature Conservancy (TNC Brasil); Instituto Alana; Instituto Igarapé; WCS e WWF.
Ao final, as lideranças envolvidas vão aprovar uma carta com recomendações para ser enviada ao governo brasileiro para orientar autoridades no país debates sobre mudanças climáticas em fóruns internacionais.
Ministra criticou ataque às negociações multilaterais
Marina criticou o ataque às mesas de negociações multilaterais, sem citar o movimento liderado pelo presidente americano Donald Trump de reestabelecer as relações bilaterais entre os países.
“A gente está diante de um contexto geopolítico em que a guerra bélica e a guerra tarifária é mais importante do que construir um ciclo de prosperidade, que dessa vez não deixe ninguém para trás”, defendeu.
Ela também cobrou planejamento para os países realmente conseguirem pôr fim ao consumo de combustíveis fósseis, como forma de reduzir drasticamente as emissões de CO2.
Para tanto, ela defendeu que a “transição justa”, que é defendida por diversas autoridades, deve “ser planejada para o fim de combustível fóssil”.
Ministra enfrenta embates dentro do próprio governo
Reconhecida como uma liderança mundial em assuntos de mudança climática, Marina tem enfrentado embates dentro do próprio governo ao defender o fim da exploração de petróleo no país.
Ao mesmo tempo, colegas do governo, como o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), têm defendido a extração de óleo e gás na região de grande potencial, na Margem Equatorial, em faixa litorânea que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte.
“Nós decidimos que vamos triplicar a [produção de energia] renovável, duplicar a eficiência energética e fazer a transição para o fim do combustível fóssil. Então, temos que nos planejar e fazer talvez uma taxonomia do que é ‘transição justa’. Porque cada um tem uma ‘transição justa’ para chamar de sua”, disse Mariana.
Durante o evento, Sônia Guajajara voltou a defender a preservação das florestas e da biodiversidade encontrada nela, dizendo estar ligada diretamente à preservação de terras e dos direitos dos povos originários.
Ela reclamou que apenas “1% do 1%” dos recursos dedicados à proteção do meio ambiente chega para apoiar a vida da população indígena.
*Com informações do Valor Econômico