Haddad busca financiamento internacional para preservação da Amazônia

Ministro da Fazenda busca garantir recursos para preservação de florestas tropicais, com foco em um fundo de investimento que remunera investidores e distribui lucros aos países que preservam suas florestas.

O Brasil vai trabalhar para sair da COP30, a ser realizada em Belém, com um compromisso firmado quanto ao financiamento para a preservação de florestas tropicais.

Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o instrumento do crédito, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) está com desenho adiantado e atrai muitos entusiastas – embora Estados Unidos e China ainda não tenham se manifestado sobre uma eventual adesão.

“As duas grandes potências ainda não deram sinal verde, mas tem um conjunto de países europeus querendo aportar recursos”, ressalvou Haddad, em entrevista ao programa Cidades e Soluções, da Globonews.

“Mas não vejo por que alguém recusaria uma proposta dessa, não consigo entender um bom argumento para não salvar as nossas florestas, que respondem hoje por uma parte da limpeza que se faz do carbono na atmosfera.”

Desenho: um fundo de investimentos

O ministro relembrou o desenho do instrumento: seria um fundo de investimento que remunera os investidores na menor taxa possível, e empresta para projetos de transformação ecológica e afins.

A receita gerada pela diferença entre as taxas pagas ao investidor e cobradas do tomador (o spread) seria distribuída entre os países que detêm florestas tropicais, na proporção em que eles as mantenham em pé.

“Como não é doação e o investidor vai estar sendo remunerado, todos os interlocutores do Brasil até aqui dizem que pode se tornar viável“, disse Haddad ao reforçar a confiança no sucesso da ideia, mesmo sem o apoio das potências no momento.

“Mas a política funciona também por constrangimento moral: se você criar um ambiente institucional, uma segurança jurídica de que o dinheiro será bem aplicado, uma regra de distribuição do lucro bem feita, você vai criando na comunidade global um constrangimento.”

COP30 não será diferente

Haddad reconheceu que a COP30 não será diferente das reuniões climáticas anteriores, como a de Baku, nas quais o maior impasse é em torno de linhas de crédito para países pobres e em desenvolvimento.

Disse que uma dificuldade adicional é o “constrangimento de ordem política” representado por governos “mais extremistas” que tendem ao negacionismo climático.

“Os países governados por forças mais negacionistas são mais refratários a políticas ambientais, mas o papel da política é criar, interlocução, sociabilidade, diálogo para constranger a fazer o certo”, argumentou. “Acredito que o Brasil tem condições, pela liderança que apresenta desde o G20.”

Ele citou ações que o país terá para apresentar durante a COP e que, ao seu ver, reforçam o papel de liderança ambiental, como a aposta em biocombustíveis e a linha de financiamento doméstica para recuperação de passagens degradadas, a partir de capital público e privado. Haddad disse que essa linha, lançada experimentalmente para 1 milhão de hectares, tem potencial para se estender a 40 milhões de hectares já mapeados pelo governo. “Acredito que vamos esgotar rapidamente a linha de crédito”, afirmou.

*Com informações do Valor Econômico

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