Comunicação é o grande desafio atual dos bancos centrais, diz Gustavo Loyola

- Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, apontou a comunicação como grande desafio para bancos centrais, tanto na política monetária quanto na prudencial.
- Ele criticou a falta de comunicação no passado, especialmente sobre o Proer.
- O atual presidente, Gabriel Galípolo, concorda, destacando a necessidade de comunicação clara e acessível para um público amplo.
- Outro desafio citado foi a preservação da qualidade dos servidores do BC, essencial para manter a excelência em um ambiente desafiador.
O ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Loyola afirmou que um grande desafio para os bancos centrais até hoje é o da comunicação, tanto da política monetária quanto da política prudencial.
Loyola concedeu entrevista para o atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, em uma série de vídeos que estão sendo publicados pela autoridade monetária como comemoração dos seus 60 anos.
Loyola lembrou da época em que estava na cadeira de presidente e afirmou que a questão de comunicação foi “onde a gente sofreu um grande pecado”.
Ele se referiu ao Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer). Loyola foi presidente em duas ocasiões, entre novembro de 1992 e março de 1993 e entre junho de 1995 e agosto de 1997.
“Acho que a comunicação, incluindo a comunicação com o Congresso, a gente procurou ter o diálogo. Mas poderia ser melhor e esse para mim continua sendo o grande desafio dos bancos centrais hoje dada a complexidade maior das economias hoje. O Banco Central muitas vezes fica meio solitário nessa tarefa de ser o guardião da estabilidade da moeda”, disse o ex-presidente do BC.
Galípolo também acredita que comunicação é um desafio
Depois da fala, Galípolo concordou que a comunicação é um desafio permanente.
“Você tem que prestar contas e é obrigado a falar com um público cada vez mais amplo. Eu gosto da metáfora que é feita de se você vai continuar rezando a missa em latim ou se precisa também fazer a missa em uma linguagem que é um pouco mais compreensiva”, disse o atual titular do BC.
Loyola também destacou que um segundo desafio para o Banco Central é preservar a qualidade dos servidores.
“Houve até esse debate recente sobre autonomia financeira e eu acho que o problema não é da autonomia financeira em si. O problema é como você mantém o Banco Central, você tem esses recursos para manter essa excelência no quadro de pessoas”, disse.
Galípolo complementou afirmando que o êxito do BC nas gestões passadas promoveu uma “série de revoluções” no mercado financeiro e “talvez a gente não tenha conseguido fazer na mesma proporção, dar as condições e o arcabouço institucional, legal, financeiro, orçamentário para que o Banco Central possa acompanhar. Acho que passa muito por isso, que é preservar uma excelência em um ambiente ainda mais desafiador”, afirmou.
*Com informações do Valor Econômico
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