André Lara Resende recusou convite para ser ministro do Planejamento, diz Haddad
Segundo futuro ministro da Fazenda, o economista disse a Lula que não tem intenção em participar do novo governo

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (26) que o economista André Lara Resende recusou o convite do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o ministério do Planejamento. Próximo do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, Lara Resende integrou o grupo de transição na área econômica. A indicação dele era vista como um aceno do novo governo ao mercado financeiro.
“Ele conversou com o presidente e declinou, dizendo que não tinha intenção de participar do governo”, disse Haddad, na porta do Centro Cultural Banco do Brasil, sede do governo de transição, em Brasília.
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O ex-prefeito de São Paulo tem uma boa relação com o economista e tentou convencê-lo a mudar de ideia, mas ele manteve a sua posição. “Eles [Lara Resende e Pérsio Arida] permanecem colaborando conosco. E se dispuseram a participar de conselhos, informal ou formalmente. São figuras valiosas para o Brasil”, disse Haddad.
André Lara Resende é historicamente ligado ao PSDB, mas, nos últimos cinco anos, deu uma guinada no seu pensamento liberal, com críticas à política de juros e à teoria macroeconômica convencional.
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Interlocutores próximos ao economista ressaltam que Resende defende a nova teoria monetária, segundo a qual não há problema em financiar o déficit com emissão de moeda, se a expansão da dívida pública for inferior ao crescimento da economia.
Junto com Pérsio Arida — também ligado ao PSDB — Lara Resende ajudou a elaborar o Plano Real, na década de 1990. Os dois foram convidados a fazer parte da equipe de transição de Lula. Arida e Resende estiveram lado a lado com o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento, Nelson Barbosa, e o economista Guilherme Mello, que trabalhou na elaboração das diretrizes econômicas de Lula durante a campanha.
Bancos públicos
Haddad também disse que o presidente eleito está cuidando “pessoalmente” da escolha dos presidentes bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, assim como decidiu por Aloizio Mercadante no BNDES.
O futuro ministro da Fazenda declarou que deve definir nos próximos dias os nomes para a Casa da Moeda, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e a Secretaria de Assuntos Internacionais. Sobre esta última secretaria, Haddad comentou que a escolha será feita em conjunto com o novo chanceler, Mauro Vieira.
“Requisitei uma reunião com Mauro Vieira, porque temos que afinar a equipe internacional, onde Lula terá uma agenda forte”, disse Haddad.