Eve tem encomendas de US$ 14 bi e táxis aéreos devem se tornar realidade no começo de 2027
- A Eve Air Mobility, da Embraer, prevê iniciar voos comerciais de táxis aéreos em 2027.
- A empresa já recebeu encomendas de US$ 14 bilhões (cerca de 2.800 aeronaves).
- Testes de protótipos começam no segundo semestre de 2023 para certificação da Anac e da FAA.
- A Eve espera que muitos concorrentes deixem o mercado devido aos desafios técnicos e financeiros.
- A empresa está bem capitalizada, mas pode acessar recursos do BNDES e agências internacionais se necessário.
- A Embraer firmou parceria com a CAE para treinar pilotos e técnicos para operação dos eVTOLs.
Empresas citadas na reportagem:
Após quase uma década, os voos eVTOLs (táxis aéreos) da Eve Air Mobility, da Embraer (EMBR3) vão começar, preparando terreno para a operação comercial. Foi o que revelou o diretor de relações com investidores da Eve, Lucio Aldworth.
Segundo ele, no segundo semestre deste ano começam os testes com os protótipos para receber certificação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), com os processos ocorrendo simultaneamente no Brasil e nos Estados Unidos, por um período estimado em cerca de 18 meses.
“Devemos estar prontos para voar comercialmente no começo de 2027”, disse o executivo à Inteligência Financeira durante a Latam CEO Conference, evento do Itaú BBA em Nova York.
Concorrentes da Eve devem ficar pelo caminho
Até lá, estimou Aldworth, mais concorrentes nesse mercado devem ficar pelo caminho. Cerca de 200 projetos em táxis aéreos chegaram a ser anunciados nos últimos anos. No entanto, diante dos múltiplos desafios técnicos, burocráticos e financeiros do setor, o número de interessados vem caindo rápido.
Dentre eles estão dois projetos de maior visibilidade global, casos da alemã Volocopter, que pediu falência em dezembro passado. A suíça Lilium também declarou insolvência há três meses. Isso aconteceu diante de um cenário em que os juros globais mais altos diminuíram o apetite de investidores por projetos de maior risco.
“É um ciclo longo, não é qualquer empresa que consegue enfrentar esse desafio e sair do outro lado”, disse o diretor da Eve. A tendência, segundo outros executivos da Embraer, é de que menos do que 10 fabricantes conseguirão sobreviver no setor.

Até começar a receber suas primeiras receitas de uma carteira hoje estimada em US$ 14 bilhões (cerca de 2,8 mil aeronaves), o projeto da Embraer terá consumido ao redor de US$ 1,3 bilhão.
Segundo o diretor de RI da Eve, a companhia está bem capitalizada para cuidar das despesas previstas até 2026. Mas pode acessar novos recursos do BNDES, se necessário, além de agências de exportação internacionais, além de eventual nova oferta de ações. Assim, Aldworth avalia que o mercado ainda não precificou corretamente os preços das ações da Eve.
Desde a estreia na bolsa de Nova York, há três anos, o papel da companhia (EVEX) acumula desvalorização de cerca de 50%. “Os diferenciais da Embraer ainda não foram integralmente percebidos pelos investidores na Eve”, disse o executivo.
Quem vai pilotar os táxis aéreos da Eve?
Segundo o diretor da Eve, por enquanto a companhia está aceitando encomendas apenas de empresas. “Tem gente querendo comprar, mas ainda não aceitamos pedidos de pessoas físicas”, afirmou ele. “A gente tem que ter certeza de que os primeiros clientes sabem operar frota”.
Nesse sentido, a Embraer já começa a preparar um time para a operação de seus eVTOLs, após ter firmado parceria com a CAE Training Services (ECTS) para treinamento para pilotos, técnicos de manutenção e equipe de solo da aeronave elétrica de decolagem e pouso.
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