Plano para defesa da Europa pode criar oportunidade para empresas do Brasil

Plano para defesa da Europa pode criar oportunidades para empresas do Brasil. Confira análise de professor da FIA.

Empresas citadas na reportagem:

No início de março, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, anunciou um plano para defesa da Europa que pode mobilizar até 800 bilhões de euros para “rearmar” o continente. A Comissão Europeia trabalhará no sentido de garantir que os cidadão europeus estejam mais protegidos e seguros, indicou a entidade.

Mas será que esse novo contexto cria oportunidade para empresas brasileiras? Na opinião de José Carlos de Souza Filho, professor da FIA Business School, a resposta é sim.

“Acordos na área da defesa poderiam facilitar a entrada de produtos brasileiros com tecnologia de ponta”, acredita. Entre as empresas que podem se destacar nesse contexto, ele cita especialmente a Embraer (EMBR3) e empresas de armamentos, como a Taurus (TASA4). “Uma vez que a União Europeia está buscando diversificar suas fontes de equipamentos militares, o Brasil pode se tornar um fornecedor estratégico”, afirma.

Plano para defesa da Europa e Embraer

De acordo com o especialista, a Embraer (EMBR3), por exemplo, pode se destacar nesse contexto transferindo tecnologia e projetos de infraestrutura para alguns dos programas como o FCAS (Future Combat Air System) e o Eurodrone. “A empresa também poderia de envolver em projetos de cooperação estruturada e pesquisa”, afirma.

Em janeiro deste ano, relatório do BTG Pactual apontou que a empresa, que encerrou 2024 com o melhor desempenho do Ibovespa no ano, prometia ainda mais em 2025. Entre os motivos para isso acontecer, o relatório indicava a expansão de pedidos da Embraer Defesa na Europa neste ano.

Em dezembro de 2024, a Embraer anunciou acordo para vender duas aeronaves militares C-390 Millenium ao Ministério da Defesa da República Tcheca. Também o Conselho de Ministros de Portugal aprovou investimento de aproximadamente 200 milhões de euros na aquisição de 12 aeronaves A-29N Super Tucano, além de simulador de voo e bens e serviços de sustentação logística.

Na mesma época, a empresa anunciou a inauguração do escritório ‘Embraer Defense Europe’ em Lisboa.

De acordo com o anúncio, a novidade reforça “o compromisso da Embraer em fortalecer a sua presença na região, com foco em soluções inovadoras de defesa e segurança para os países membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e da União Europeia (UE)”.

Mais recentemente, em março deste ano, também foi divulgada a implantação de uma fábrica do avião militar KC390 na Polônia para atender países da OTAN.

mercosul, união europeia, Javier Milei, presidente da Argentina; Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai; Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia; Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil; e Santiago Peña, presidente do Paraguai
Líderes do Mercosul e da União Europeia celebram conclusão de acordo entre os blocos. Da esquerda para a direita: Javier Milei, presidente da Argentina; Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai; Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia; Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil; e Santiago Peña, presidente do Paraguai Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República do Brasil

Taurus foca mercado militar

Salésio Nuhs, CEO da Taurus, afirmou recentemente em entrevista à Inteligência Financeira que o objetivo principal da empresa atualmente é o mercado militar. Na entrevista, ele declarou que o histórico no segmento civil da empresa pavimentou o caminho para que ela possa agora mirar novos horizontes.

Quais são os desafios para as empresas brasileiras

Souza Filho acredita que existam alguns desafios para empresas brasileiras que queiram acessar o mercado europeu por meio do plano para defesa da Europa. “Alguns são de natureza política”, diz ele. “Acordos de defesa exigem muita confiança mútua, demandam longos processos de negociação e costumam ser muito burocráticos, até por conta dos interesses envolvidos”, complementa.

De acordo com o professor, existem países que podem concorrer com o Brasil, como a Coréia do Sul, que também tem um nível de desenvolvimento tecnológico atrativo para os europeus.

“O ideal seria negociar com um diplomata com grande traquejo nos processos de interação com outros países, principalmente com os da União Europeia”, diz isso. “Dessa forma, boas parcerias estratégicas podem ocorrer”, acredita.

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