Ilson Mateus: ‘Varejista tem que estar com o umbigo colado no balcão’

Ilson Mateus Rodrigues, fundador do Grupo Mateus (GMAT3), é uma das referências do varejo brasileiro. Ao videocast Leader Talks Varejo, do Itaú BBA, o empresário compartilhou a sua visão sobre o setor e detalhou como toma as decisões à frente da rede que está presente no Maranhão, Pará, Piauí, Ceará, Alagoas, Paraíba, Bahia, Pernambuco e Sergipe.

Para Mateus, o atacarejo tem o desafio de atender os públicos AB e CD em uma mesma loja. Isso além do mercado transformador e do pequeno varejista. Então, aponta ele, as redes precisam ter serviços específicos para cada segmento e o empresário deve ter a pesquisa, mas nunca perder sensibilidade para arriscar.

“Não acredito em varejista teórico. Varejista tem que estar com o umbigo colado no balcão”, afirma.

O fundador do Grupo Mateus também conta no programa como ocorre o processo para abrir uma nova loja.

“Você tem que sempre pesquisar o entorno. Para caber uma loja de atacarejo em uma cidade de 60 mil habitantes você tem que entender se ela é polo. Aí você faz toda uma pesquisa, vê o consumo dessa cidade, vê o público que tem nessa cidade, se ele é só CDE ou se tem um potencial de público AB muito grande”, explica.

“Agora, você pega uma capital, a gente sabe que tem as lojas pequenas, lojas de bairros. Aí a gente faz uma pesquisa dos bolsões e, mesmo você tendo o atacarejo, você pega uma loja de varejo e coloca a dois quilômetros, aquela loja sobrevive e você não perde nada do atacarejo. Porque tem cliente que gosta de ir em uma lojinha pequena voltando para casa, ele não tem tempo, ele quer se resolver, achar aquele mix de produtos que ele compra toda semana. Então, tem espaço para tudo”, acrescenta.

Medo da concorrência

Ainda no videocast do Itaú BBA, Ilson Mateus admite que sempre teve preocupação com a expansão de redes do Sudeste. Nesse sentido, o empresário diz que busca manter o grupo sempre em expansão para se fortalecer nas regiões Norte e Nordeste.

“A gente está no Nordeste desde o início lá do anos 1990 e eu tinha sempre uma preocupação. Se a gente não tiver volume, se a gente não tiver massa crítica, vai chegar um concorrente aqui de uma hora para outra e vai matar nós. Esse sempre foi o meu medo junto com as dívidas, porque eu já tinha quebrado duas vezes”, conta.

“Tanto que, durante uns 10 anos, tudo que a gente ganhava, a gente reinvestia. A gente começou crescendo 10%, depois 15% e sempre investindo. Porque eu queria chegar a todos esses estados. Que o nosso objetivo ali no final dos anos 1990 e no começo dos anos 2000 era que a gente chegasse no Pará, no Piauí e no Maranhão com força. A gente criou musculatura e hoje eu olho para o Norte e o Nordeste e, se a gente não ocupar todos os espaços, eu tenho certeza que vai chegar alguém e vai ocupar.”

Confira abaixo a íntegra da entrevista de Ilson Mateus para o videocast Leader Talks Varejo, do Itaú BBA.