Brasileiro está bebendo menos cerveja? Saiba o que dizem os números da Heineken
- Resultados da Heineken apontam queda no consumo de cervejas no Brasil no 1º trimestre de 2025.
- Volume mais baixo ocorre apesar das condições climáticas mais favoráveis no período.
- Dados da Heineken também sugerem que não houve um aumento significativo dos preços.
- Cenário econômico desafiador impacta consumo, especialmente em marcas populares.
- Heineken mantém projeções de crescimento para 2025, apesar das incertezas.
Os resultados do 1º trimestre de 2025 divulgados pela Heineken mostram um ambiente mais lento para o mercado de cervejas no Brasil, apesar das condições climáticas mais favoráveis, avalia o Itaú BBA.
O balanço aponta para a queda de um dígito médio no volume de cervejas no Brasil, apesar de o país se destacar no avanço das marcas premium e ter bons resultados com a Amstel.
A redução na receita líquida em linha com os volumes da Heineken também sugere que não houve um aumento significativo dos preços, o que pode ser explicado pela gestão de estoques, diz o banco.
Em relação a Ambev, o Itaú BBA acredita que a divisão de cervejas da companhia deve superar os seus pares no primeiro trimestre, com aumento na participação de mercado, apesar da expectativa de queda de 1,5% nos volumes.
O banco acredita que o portfólio da Ambev está bem-posicionado para competir com a Heineken e a Petrópolis, mas ainda é preciso observar como o setor irá estruturar a sua estratégia de repasse de preços em meio a um ambiente de consumo mais restrito no Brasil e os custos acima da inflação esperados.
O Itaú BBA mantém a sua recomendação neutra sobre as ações da Ambev, com preço-alvo de R$ 15.
O que diz a Heineken sobre o consumo de cerveja no Brasil
O diretor financeiro da Heineken, Harold van den Broek, sinalizou ao mercado um momento mais desafiador para o consumo de cerveja no geral dentro do Brasil e na região. Os desafios, segundo o executivo, estão mais focados nas marcas populares da bebida.
O grupo, entretanto, estaria satisfeito com suas estratégias de “mix” de portfólio por aqui.
“O mercado não está crescendo”, disse o executivo, apontando questões ligadas ao cenário econômico e de preço.
“Mas ainda vemos uma boa trajetória de participação de mercado, predominantemente guiada por Heineken e Amstel. Nossa estratégia de portfólio, incluindo o ‘mix’, continua a funcionar”, disse, em teleconferência para comentar os resultados do primeiro trimestre deste ano.
O executivo disse que de fato o crescimento do mercado continua sendo guiado por marcas “premium”. “Acreditamos que o crescimento do mercado está saudável e com isso a nossa posição de ‘market share’ [participação de mercado] está muito sólida”, disse.
Economia preocupa fabricante
O lado mais complexo está no segmento econômico, que segundo o executivo continua a “sangrar um pouco”. Broek acrescentou que o enfraquecimento do consumidor na América Latina e Estados Unidos tem preocupado a empresa.
A Heineken fechou o primeiro trimestre deste ano com uma queda no volume de cerveja nas Américas de 3,7%, para 20,6 milhões de hectolitros. Na Europa, a queda foi ainda maior, de 4,7%, para 14,6 milhões de hectolitros.
O grupo disse prever que a volatilidade macroeconômica contínua pode impactar o consumo de bebidas, assim como as pressões inflacionárias e a desvalorização cambial. Além disso, o grupo sinalizou incertezas amplas, incluindo ajustes tarifários para este ano.
Sobre essas turbulências, o executivo disse que o grupo está mais ágil e preparado para identificar riscos e adotar as medidas necessárias para contorná-los.
“Isso tem levado a um investimento mais cauteloso e a uma agilidade no investimento. Somos capazes de mover o dinheiro pelos mercados e avaliar se é o lugar certo ou não para investir. Essa antecipação é a principal mudança para lidar com o cenário que vamos ver nos três a seis meses pela frente”, disse.
Mesmo com as incertezas, a empresa manteve suas principais projeções para 2025, incluindo expectativas anuais de crescimento orgânico de 4% a 8% no lucro operacional ajustado.
Com informações do Valor Econômico
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