CEO da Casas Bahia (BHIA3): ‘É fácil vender, difícil é ganhar dinheiro’

O comando do grupo Casas Bahia (BHIA3) disse nesta quinta-feira (15), que o ambiente macroeconômico está mais difícil de se prever, em parte pelos juros altos, e que há um efeito negativo sobre a demanda e as vendas, algo que a empresa já sentiu desde fevereiro. Para a rede, há risco de recessão no setor neste ano e de aumento de desemprego.

“Macro é desafiador e o ano está sendo afetado por juros altos […]. Achávamos que a recessão já estava vindo, mas o ambiente mudou um pouco e maio foi melhor, mas vamos ter que esperar mais. O setor tem grande probabilidade de retração de consumo em 2025 e de aumento do desemprego. Se isso vai chegar, não sabemos, o governo está tentando melhorar [esse cenário]”, disse Renato Franklin, CEO da Casas Bahia, durante teleconferência de resultados na tarde desta quinta-feira (15). “Está muito difícil prever o que vai acontecer no mês seguinte.”

A direção da empresa afirmou que o ganho de margem veio de alavancagem operacional no primeiro trimestre — vendas em valor (com efeito parcial de inflação de preços que eleva receita) crescendo mais do que despesas operacionais.

Franklin ainda disse que a empresa optou por retorno menor, para ter melhores indicadores de inadimplência. Esses índices acima de 90 dias tem reduzido na rede.

“É fácil vender, difícil é ganhar dinheiro. Vender e não ganhar dinheiro, eu não preciso […] Adoro e-commerce, mas gosto de dinheiro, precisamos ter disciplina para alocar capital e esse é nosso foco”, disse.

Franklin ainda afirmou que não vê necessidade de ajustar crédito por conta dessa “luz amarela” no setor e explicou a situação de estoque de produtos da empresa neste ano.

Não estava no radar do mercado o aumento de estoque, que alcançou 95 dias (em vendas) de janeiro a março, acima dos 80 dias a 85 dias que a empresa busca (eram 78 dias um ano atrás). E isso precisou ser compensando com a empresa se financiando na indústria. Na gestão anterior, a rede já chegou a se estocar acima de 100 dias.

“Março veio maior o estoque porque a demanda veio abaixo do que imaginávamos, mas maio já parece melhor. Compramos mais porque indústria veio com muito incentivo para a compra”, disse.

A direção mencionou um possível ganho financeiro futuro, como uma oportunidade a se explorar.

“Quando o fornecedor quer antecipar a minha fatura, permitimos que bancos o façam, aqui é que acho que temos que ter dinheiro alocado, algo que podemos fazer, para captar receita financeira e não despesa financeira” , afirmou o CEO.

*Com informações do Valor Econômico