Cemig abandona investimentos fora do estado e aposta na eficiência para crescer em MG

Empresas citadas na reportagem:
Em meio a um cenário energético desafiador, marcado por incertezas climáticas, volatilidade de preços e a expansão do mercado livre, a aposta da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) está em focar os negócios para dentro do Estado de Minas Gerais, com foco no setor de agronegócios e atendimento ao cliente.
No quarto trimestre de 2024, a estatal mineira reportou lucro líquido de R$ 998 milhões, montante 47,1% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2023.
No consolidado do ano, a empresa fechou um lucro acumulado de R$ 7,1 bilhões.
O movimento de regionalização é semelhante ao que outras elétricas estaduais têm feito, como a Copel.
No caso da Cemig, a empresa está recriando seis superintendências regionais com 16 gerências espalhadas por Minas Gerais, numa tentativa de descentralizar decisões e agilizar o atendimento às demandas locais.
Foco nos moradores e produtores da zona rural
Ao Valor, o presidente da empresa, Reynaldo Passanezi Filho, disse que com a criação de 72 bases da “Cemig Agro”, a empresa pretende oferecer um serviço mais ágil e personalizado para moradores e produtores da zona rural, que muitas vezes enfrentam longos períodos de espera para o restabelecimento de energia.
Em 2024, apenas o segmento de distribuição — responsável pelo atendimento de quase 9,5 milhões de consumidores — recebeu R$ 4,4 bilhões em investimentos, com foco na modernização, reforço da rede, manutenção preventiva e ampliação do sistema elétrico. Para 2025, estão previstos novos investimentos.
“Fechamos 2024 com R$ 5,7 bilhões, que também é o maior da história. Um crescimento de 18% na comparação com o ano anterior, e de praticamente 500% com 2018”, disse.
“Estamos ampliando o número de subestações em Minas Gerais em 50%. São 200 novas instalações que estão permitindo maior qualidade no fornecimento de energia”, acrescenta.
Processo de desinvestimento
O plano da empresa para olhar para dentro de casa começou com os processos de desinvestimento, a fim de enxugar sua estrutura, focar no Estado de Minas Gerais e avançar na eficiência operacional, que tem sido foco da atual gestão.
Nos últimos anos, a Cemig saiu de negócios considerados não estratégicos, envolvendo empresas com dificuldades financeiras, como Light e Renova.
A empresa também alienou sua participação na hidrelétrica de Santo Antônio para Eletrobras, vendeu sua fatia na Aliança para a Vale e saiu da Axxiom e do Ativas Data Center. Por outro lado, tem dificuldades de vender sua fatia de Belo Monte e da Taesa.
“A Cemig deixou de investir fora de sua área de operação, em investimentos arriscados, para melhorar a sua operação para os seus clientes”, disse.
Desafios importantes permanecem no radar: o comportamento dos preços de energia, os efeitos de eventos climáticos extremos e a necessidade de garantir previsibilidade regulatória.
No radar da empresa também está a expansão do mercado livre de energia, cuja regulamentação segue indefinida. O ano de 2025 promete ser bastante movimentado, com muitos leilões, mas não há decisões tomadas.
*Com informações do Valor Econômico
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