BRB dobra de tamanho com aquisição do Master e se consolida entre os maiores bancos do Brasil

Após parceria com o Flamengo e aquisição do Master, o BRB praticamente dobra de tamanho, alcançando quase R$ 106,4 bilhões em ativos e se consolidando entre os maiores bancos do Brasil

Até 2019 o BRB era um pequeno banco estatal do Distrito Federal, focado em consignado para servidores públicos e crédito imobiliário. A grande mudança veio a partir de 2020, quando fechou uma parceria para criar um banco digital com o Flamengo. A operação fez a instituição ganhar escala nacional e alçar voos ainda maiores. Agora com a aquisição do Master, o banco praticamente dobra de tamanho.

Segundo o balanço mais recentes do BRB, do terceiro trimestre, o banco tinha R$ 55,4 bilhões em ativos, o que o coloca como o 25º maior grupo financeiro do Brasil. Já o Master, no balanço do primeiro semestre de 2024, tinha R$ 51,0 bilhões em ativos. Assim, juntos eles chegam a quase R$ 106,4 bilhões, o que os faria subir para a 16ª posição no ranking nacional.

O BRB é listado em bolsa desde 1993, mas a liquidez das ações é muito baixa. Em 2021, tentou fazer um re-IPO, mas a oferta não foi para frente. Nos últimos anos, com o forte crescimento, tem buscado alternativas e em 2024 anunciou um aumento de capital privado de até R$ 1 bilhão. A ideia era aumentar a fatia dos minoritários, mas a operação não saiu como o esperado e o banco levantou apenas R$ 100 milhões.

O banco brasiliense divulgou com atraso o balanço do terceiro trimestre e a auditoria da E&Y colocava três “ressalvas” até junho, suavizando os apontamentos para duas “ênfases” em setembro. Nos nove primeiro meses de 2024, o banco lucrou R$ 180 milhões, com alta de 58,1% ante o mesmo intervalo do ano anterior. Ao fim do trimestre, o índice de Basileia do banco era de 13,40%, sendo 9,23% de capital principal, um patamar relativamente apertado, pois o mínimo regulatório é 8%.

Antes de comprar o Master, o BRB tentou fazer um acordo para ficar com uma fatia relevante, mas minoritária, no Banco do Estado do Sergipe (Banese), mas as eleições de 2022 acabaram inviabilizando a transação.

Já o Master divulgou balanço até o segundo trimestre. No primeiro semestre, teve lucro de R$ 500,8 milhões, com alta de 72,3% sobre o mesmo período do ano anterior. O número, no entanto, se explica principalmente por um ganho extraordinário de R$ 435,5 milhões atribuído a uma “compra vantajosa” da operação com o Voiter (antigo Indusval), que é quando se incorpora um patrimônio líquido por valor superior ao desembolsado na aquisição.

Quando adquiriu o controle do Máxima, em 2017, Daniel Vorcaro tinha metas ambiciosas para a instituição. Rebatizado de Master em 2021, o banco tinha um plano de negócios, apresentado ao Banco Central, de alcançar R$ 5 bilhões de patrimônio líquido em 2025. Após atingir a marca de R$ 4,2 bilhões no balanço de junho, a meta foi antecipada para o fim de 2024. Em cinco anos, o patrimônio do banco foi multiplicado por quase 12 vezes, sendo cerca de metade com reinvestimento dos lucros e o resto com aportes de Vorcaro e seus outros sócios.

O crescimento acelerado, que do lado da captação se sustenta principalmente com CDBs de remuneração atraente distribuídos nas principais plataformas, como XP e BTG, tem chamado a atenção de agentes de mercado. Algumas fontes, inclusive, apontam que os limites recém-impostos pelo Banco Central para garantias do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) teriam como endereço o Master, que já tem R$ 28 bilhões emitidos diretamente em CDBs, e outros R$ 12 bilhões de outras instituições do conglomerado.

Vorcaro disse, na divulgação do balanço do primeiro semestre, que a nova regra, que limita a garantia do FGC a seis vezes o patrimônio de um banco ou a 80% da captação total, prejudica bancos pequenos e médios, mas garantiu que o Master estava enquadrado.

No ano passado, circularam rumores no mercado de que algumas plataformas de investimento estariam tirando os CDBs do Master da prateleira. Fontes da indústria confirmam que isso aconteceu, mas não em larga escala. De qualquer forma, o movimento teria sido suficiente para elevar um pouco o custo de funding do Master e, possivelmente, fazer o banco colocar o pé no freio nas concessões.

Até poucos meses atrás um dos principais sócios de Vorcardo no Master era Maurício Quadrado. O executivo fez carreira no Bradesco e depois também passou muitos anos na Planner, de onde saiu levando a parte de custódia que gerou a Trustee. Em setembro, ele vendeu sua fatia no Master – que ficava entre 20% e 30% – para Vorcaro. E em janeiro anunciou que está comprando o Digimais (antigo banco Renner), que pertence a Edir Macedo, chefe da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da TV Record.

Conforme fontes com conhecimento do assunto, a relação entre Quadrado e Vorcaro era boa e a saída teria se dado porque o primeiro quer focar em banco de investimento, enquanto o Master cresceu mais fortemente nos últimos meses no varejo, até mesmo com a aquisição do Will Bank.

Os dois executivos devem permanecer sócios em investimentos que não estavam sob o guarda-chuva do Master, incluindo o hotel Fasano, no Itaim Bibi, na zona oeste da capital paulista; a universidade Ulbra, no Rio Grande do Sul; e o fundo de shopping centers Macam. Outras operações que estavam sob o guarda-chuva do Master continuaram com o banco, como Metalfrio, Restoque, Biomm, Oncoclínicas, BeFly, entre outras.

Algumas dessas foram feitas em parceria com o investidor Nelson Tanure, que Quadrado conhece há décadas, e que também deve ser seu parceiro comercial no novo banco que o executivo está montando.

Agora como parte do BRB, Vorcaro terá muito menos espaço para fazer esse tipo de transações. O único grande banco de investimento que faz essas operações estruturadas com empresas, assumindo uma parcela no capital, é o BTG, de André Esteves.

Com informações do Valor Econômico

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