Boeing supera impacto de tensões comerciais com a China com carteira de pedidos robusta

- A Boeing redireciona aviões destinados à China após o país interromper encomendas.
- A demanda global e carteira de US$ 545 bilhões compensam custos.
- Ações da Boeing sobem 6% após resultados do 1º trimestre.
- Prejuízo reduzido para US$ 37 milhões, receita de US$ 19,5 bilhões.
- Produção do 737 aumenta gradualmente, com meta de 38 unidades/mês.
A Boeing, fabricante de aeronaves, disse nesta quarta-feira (23) que está ativamente procurando redirecionar aviões que seriam enviados a clientes chineses, após o país asiático instruir suas companhias aéreas a interromper o recebimento de encomendas da Boeing.
O diretor-presidente, Kelly Ortberg, afirmou que a demanda de outras partes do mundo, juntamente com uma carteira de pedidos avaliada em mais de US$ 500 bilhões, pode ajudar a Boeing a compensar os custos gerados pelo tumulto comercial com a China.
“Vamos trabalhar duro para garantir que a questão da China não comprometa nossa recuperação”, disse Ortberg.
As ações da Boeing fecharam em alta de 6,06% nesta quarta, a US$ 172,37, recuperando quase todas as perdas acumuladas no ano.
Qual é a atual situação da Boeing?
Clientes chineses representam cerca de 10% dos pedidos de aviões comerciais da Boeing, informou a empresa.
A companhia está em negociações com esses clientes para saber se ainda receberão os pedidos existentes, mas Ortberg disse que a demanda em outras regiões continua forte e que a companhia está preparada para redirecionar os pedidos.
“Não vamos continuar a fabricar aviões para clientes que não os aceitarão”, afirmou.
Até o momento, a empresa espera que as tarifas acrescentem US$ 500 milhões aos custos anuais. Ortberg disse que a carteira de pedidos da companhia, que subiu para US$ 545 bilhões no primeiro trimestre, oferece flexibilidade suficiente para absorver esses custos.
No entanto, a Boeing sentiria maior pressão financeira se tarifas mais altas fossem implementadas além da China.
Sem alterações nas projeções financeiras para 2025
A Boeing não mexeu nas suas projeções financeiras para o ano, contrariando a tendência de companhias aéreas que têm revisado suas perspectivas. Segundo Ortberg, o plano de recuperação seguido pela empresa já incorpora diversas incertezas.
Cerca de 70% das entregas comerciais planejadas da Boeing têm como destino países fora dos EUA, e 80% do dinheiro que gasta com suprimentos vai para fornecedores estrangeiros.
A empresa já começou a pagar tarifas de 10% sobre suprimentos vindos da Itália e do Japão.
Como foi o 1º tri para a Boeing?
A Boeing reduziu seu prejuízo para US$ 37 milhões, ou US$ 0,16 por ação, nos três meses encerrados em 31 de março, frente a um prejuízo de US$ 343 milhões, ou US$ 0,56 por ação, no ano anterior. Os resultados refletem apenas as tarifas em vigor até 31 de março.
Excluindo itens pontuais, a perda ajustada por ação foi de US$ 0,49, menor do que a perda de US$ 1,18 prevista por analistas, segundo a FactSet.
A receita subiu 18%, para US$ 19,5 bilhões. Analistas consultados pela FactSet previam uma receita de US$ 19,38 bilhões.
A receita do setor de aviões comerciais da Boeing aumentou 75%, para US$ 8,15 bilhões, e a produção dos jatos 737 aumentou gradualmente no trimestre, com expectativa de alcançar 38 unidades por mês ainda este ano.
A Boeing planeja solicitar à Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) a autorização para aumentar a produção para 42 aviões por mês, assim que os indicadores de desempenho mostrarem estabilidade na produção, disse Ortberg.
O segmento de defesa, espaço e segurança teve queda de 9% na receita, para US$ 6,3 bilhões. O contrato com a Força Aérea dos EUA para projetar e construir o caça F-47 não foi incluído na carteira de pedidos no fim do trimestre.
*Com informações do Valor Econômico
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