O plano da Automob (AMOB3) para superar a barreira dos centavos

Antônio Barreto, CEO da Automob (AMOB3), fala com exclusividade à Inteligência Financeira sobre seus planos para crescer, com qualidade, os negócios da empresa

Barreto: 'temos oportunidade em oferecer mais consórcio e garantia estendida.'
Barreto: 'temos oportunidade em oferecer mais consórcio e garantia estendida.'

A Simpar (SIMH3) é conhecida como uma das holdings mais atuantes entre investidores, especialmente porque existe um mote popular de que “quando a Selic cair, a Simpar vai decolar”. O lema, muito usado entre seus investidores mais aguerridos, mostra como as empresas do grupo de logística estão sujeitos ao ambiente de negócios do Brasil. A Automob (AMOB3), rede de concessionárias da Simpar, estreou no Ibovespa em dezembro de 2024, mas somente quem estava de fora da holding se surpreendeu com o movimento.

Quatro meses depois, a Automob tem planos para suas ações valerem mais do que centavos. No fechamento da bolsa de valores na sexta-feira (11), o papel estava cotado a R$ 0,24. Desde o início do ano, a ação perdeu 30% de seu valor ante ganho do Ibovespa de 10% até março.

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Além de um grupamento de ações a ser aprovado em assembleia geral de acionistas, o CEO Antônio Barreto tem ambição para aumentar a receita com financiamento e seguro (F&I) para veículos.

“Queremos vender até R$ 5 mil a mais por carro”, afirma Barreto, em entrevista à Inteligência Financeira.

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Automob (AMOB3) e a ‘dor’ do investidor da Simpar (SIMH3)

Antônio Barreto tem história dentro da Simpar. Com um pé no mercado financeiro, ele foi destacado para liderar a companhia em 2024.

Barreto chegou com duas missões: liderar fusões e aquisições do grupo e consolidar as concessionárias de veículos leves e pesados da holding.

Ele liderou a área de M&A na Simpar. E afirma que, hoje, a principal missão é mostrar ao mercado, o valor real da Automob.

A Automob nasceu em 1995, um ano após a Simpar entrar no negócio de gestão de frotas de veículos leves. A partir então, a rede de concessionárias entrou no mercado de pesados com a aquisição da Transrio. A receita da empresa saiu de R$ 1,5 bilhão para R$ 13 bilhões, de 2021 a 2024.

Mas faltava ao negócio uma consolidação: duas redes de concessionárias operavam dentro da Simpar, o que deixava acionistas ansiosos. De um lado, a Automob operava redes como a Original, licenciada da Volkswagem no País. De outro, a Vamos Concessionárias cresceu em paralelo. Faltava unir o útil ao agradável.

“A Simpar começou a receber questionamento dos investidores sobre porque não ter uma empresa de locação pura e um negócio de concessionária”, afirma Barreto.

A solução foi a cisão da Vamos e incorporação da parte do negócio de concessionárias pela Automob (AMOB3).

“Abrir capital é uma maneira de trazer transparência ao negócio”, disse o CEO.

O plano para deixar de valer centavos na bolsa

A Automob hoje passa por um cenário desafiador. Os juros altos castigam a empresa, dado seu elevado endividamento. Além disso, as vendas de veículos devem desacelerar em 2025.

A concessionária tem dívida líquida que equivale a quase quatro vezes o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). O débito tem valor médio de CDI mais 2,5%.

Na busca por melhores margens, Barreto afirma que um dos primeiros passos é crescer a carteira de crédito e, sobretudo, a de seguros. O objetivo é vender de R$ 3 mil a R$ 5 mil a mais nessas soluções por carro comercializado no varejo.

Considerando os 32,5 mil carros vendidos pela empresa no ano passado e uma margem mínima de 70% sobre financiamento e seguros – cujo único custo é comissão por contrato – isso implicaria em uma receita adicional bruta de pelo menos R$ 113,7 milhões por ano à Automob (AMOB3).

A parceria com bancos, para tanto, deve continuar robusta em 2025. A Automob não prevê uma parceria específica com nenhum agente de crédito ou seguros. A empresa entende que mais parceiros é melhor para o negócio neste momento.

Novos centros em São Paulo e no Maranhão

Fora os serviços financeiros, portanto, a Automob espera crescer ainda na prestação técnica a automóveis no pós-venda. A empresa deve inaugurar em 2025 seus três primeiros grandes “hubs” de inspeção pré e pós entrega de carros, funilaria e pintura.

O primeiro, em Guarulhos, já entrou parcialmente em funcionamento. O segundo, a ser inaugurado em São Paulo, será na Zona Sul da capital, afirma Barreto. O terceiro, já em operação, fica no Maranhão, onde a empresa tem alta demanda por veículos leves.

As localizações não são por acaso. De suas 132 lojas, a Automob possui 94 em São Paulo e 22 no Maranhão.

Nesse sentido, Barreto afirma que a Automob quer “adensar” áreas com maior demanda. “Queremos criar hubs para melhorar o fluxo”

O CEO da Automob espera que até o final de 2025, os três centros de serviço técnico estejam “rodando à vapor com capacidade plena”.

Grupamento não tem a ver com ‘saída do Ibovespa’, diz Barreto

A proposta de grupamento de ações da Automob, feita pela diretoria da concessionária em março, não deve ter efeito sobre a saída das ações (AMOB3) do principal índice de ações do Novo Mercado.

Na verdade, Barreto afirma que o movimento vem para corrigir “volatilidade desnecessária” sobre o papel.

As ações da Automob ficaram na casa dos centavos desde a estreia na bolsa.

Na verdade, a companhia perdeu quase 30% de valor de mercado entre janeiro e abril, o que acendeu um alerta interno. Sem a cobertura de grandes analistas, por enquanto, o papel fica à revelia de sua grande base de investidores pessoa física.

Enquanto a Simpar detém 72% da companhia, 27% das ações estão em fluxo livre. Dessa fatia, 55% dos acionistas são pessoas físicas.

Barreto tem mandato à frente da Automob para fazer essa ponte com os analistas.

O CEO da Automob planeja realizar o primeiro “investor day” da Automob em maio. Ele pretende comunicar a visão do negócio para aparar arestas entre os analistas de bancos da Faria Lima.

“Temos a relevância e todas as alavancas operacionais para sermos maiores. Essa evolução deve fazer o volume de negociação da ação crescer e, por consequência, ela subiria”, diz Barreto.

Assim, para ele, o desenrolar no fluxo de AMOB3 é questão de tempo.

“A dificuldade é que (a empresa) é algo novo. Não tem a facilidade de histórico e comparação. Como tudo que é novo, tem processo de construção e de educação (aos analistas).”

Queda na produção de veículos é desafio do setor, mas vendas avançam

No contrapé, a produção de veículos pinta um cenário misto para o setor automotivo.

Dados da Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotivos) mostram que as vendas entre março e janeiro deste ano superaram as do ano passado em 14%. Mas a produção de veículos desacelerou 12%.

Foi o pior março desde 2022 na linha de fabricação das montadores, explica a Anfavea.

Apesar disso, a associação projeta alta de 5,6% no emplacamento de veículos leves.

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