Multilaser (MLAS3) fecha em queda livre, com perda de mais de 35%; Itaú recomenda venda

Banco cortou preço-alvo para ações da empresa de R$ 6 para R$ 1,50

Loja da Multilaser (MLAS3). Foto: Divulgação
Loja da Multilaser (MLAS3). Foto: Divulgação

O Itaú BBA cortou a recomendação de Multilaser (MLAS3) de neutro para venda e o preço-alvo de R$ 6 para R$ 1,50. Nesta quarta-feira (29), as ações fecharam o pregão com queda de 36,72%, cotadas em R$ 1,43, a pior queda do dia.

Os analistas Thiago Alves Kapulsksis e Cristian Faria escrevem que o resultado da companhia no quarto trimestre foi bastante negativo, mostrando as dificuldades de execução que uma empresa que fabrica eletrônicos tem no Brasil.

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“As receitas continuaram a sofrer com um cenário macroeconômico desafiador e a redução na demanda pós-pandemia”, comentam. Além disso, a companhia viu efeitos não recorrentes que impactaram diretamente as últimas linhas do balanço.

O banco destaca que o cenário para a Multilaser deve continuar sendo pesado para a companhia nos próximos dois a três trimestres, reduzindo suas estimativas para a Multilaser.

Multilaser tem prejuízo de R$ 205,2 milhões no 4º trimestre de 2022

A fabricante de eletroeletrônicos e eletroportáteis apresentou prejuízo líquido de R$ 205,2 milhões no quarto trimestre de 2022, um período que costuma ser aquecido em vendas no varejo. Um ano antes, a empresa havia registrado lucro líquido de R$ 153,3 milhões, conforme balanço divulgado há pouco.

No consolidado de 2022, a empresa fechou o ano com lucro líquido de R$ 90 milhões, 88,4% inferior ao lucro de R$ 774,7 milhões obtido em 2021.

A receita líquida somou R$ 1,1 bilhão no trimestre encerrado em dezembro, queda de 9,7% sobre o resultado de R$ 1,26 bilhão apresentado no período equivalente de 2021.

No ano, a Multi, nova denominação da empresa desde julho do ano passado, acumulou uma receita líquida de R$ 4,38 bilhões, 9,7% inferior à receita de R$ 4,85 bilhões reportada no ano anterior.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi negativo em R$ 150,4 milhões no quarto trimestre, revertendo o Ebitda de R$ 153,5 milhões um ano antes.

Em 2022, o Ebitda somou R$ 244,5 milhões, queda de 70,1% sobre o resultado de 2021 (R$ 816,8 milhões).

A margem Ebitda da Multi foi negativa e fechou em -13,5% no quarto trimestre, revertendo uma margem de 12,2% um ano antes.

Em todo o ano de 2022, a margem Ebitda de 5,6% ficou 11.3 pontos percentuais abaixo da margem de 16,9% alcançada em 2021.

Ao Valor, Alexandre Ostrowiecki, diretor-presidente da Multi, informou que a margem de lucro “foi impactada, principalmente, pela estratégia agressiva de descontos de preços adotada para girar o estoque que foi comprado no pico da pandemia, por um custo mais elevado e que estava parado desde então”.

Além disso, o executivo destacou que a empresa enfrentou desafios do cenário econômico brasileiro, incluindo a alta taxa de juros, que afetou todo o varejo.

“Em particular, a Multi registrou uma queda de 35,6% nas vendas para grandes varejistas parceiros”, disse Ostrowieck.

Para mitigar os efeitos da alta dos juros, o diretor-presidente da Multi informa que a empresa tem adotado “uma postura proativa e cuidadosa” na gestão de caixa.

“Estamos renegociando os prazos de pagamento dos contratos estabelecidos e também estamos sendo criteriosos em relação a novas contratações, com o intuito de mitigar o comprometimento do nosso fluxo de caixa”, afirmou o executivo.

A estratégia em busca do equilíbrio inclui um “trabalho agressivo para cortar a dívida líquida da empresa pela metade ao longo desse ano”, ele informou.

A empresa encerrou o quarto trimestre de 2022 com uma dívida líquida de R$ 546,9 milhões.

Outra medida envolve a gestão de portfólio – atualmente a Multi vende 7 mil produtos em dez marcas — e foco em lançamentos de eletroportáteis e nas motos elétricas da marca Watts, montadora adquirida pela Multi há um ano.

Recentemente, a empresa anunciou a ampliação da linha de televisores com a marca Toshiba. “Ainda teremos novas parcerias expressivas e o lançamento de novos negócios”, sinalizou o executivo.

A empresa também aumentou o giro do estoque. “Atualmente, estamos trabalhando com um estoque médio de seis meses, que é o objetivo estabelecido para garantir uma gestão eficiente e sustentável”, detalhou Ostrowieck.

Fortalecer canais de vendas diretas ao consumidor é uma tática da empresa. De acordo com o executivo, no ano passado, houve aumento superior a 81% nas vendas diretas.

A mudança do sistema de gestão empresarial (ERP) da Multi, que deve ser concluída no segundo trimestre, também gerou impactos no curto prazo, acrescentou Ostrowieck.

Para o presidente da Multi, março foi um mês de estabilização, após uma corrida para “faturar o máximo de pedidos” em janeiro e um resultado “longe do aceitável” em fevereiro. “Agora, estamos faturando pedidos em um ritmo mais rápido do que eles entram”, destacou.

“Estamos adotando medidas estratégicas para garantir a sustentabilidade e o crescimento da nossa empresa no longo prazo, incluindo a adoção de tecnologias inovadoras, o lançamento de novos produtos e serviços, e a ampliação da nossa presença no mercado”, concluiu o executivo.

No dia 2 de janeiro, a Multi anunciou a eleição de Eduardo Shakir Carone como presidente do conselho de administração e Tomas Henrique Fuchs como vice-presidente.

A empresa também informou que Eder da Silva Grande foi eleito diretor financeiro, em substituição a Leonardo Tavares Dib, e que Moacir Marques de Oliveira, vice-presidente comercial da Multi, se tornou membro do conselho.

O anúncio foi visto como inesperado pelo mercado. À época, segundo analistas da XP, a mudança não teria impactos nos resultados da Multi já que não altera projetos e processos da companhia.

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