Incerteza com tarifaço de Trump e Petrobras fazem Ibovespa cair 1,13%; dólar sobe 0,94% e vai a R$ 5,89
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As incertezas em torno da guerra tarifária promovida pelos Estados Unidos voltaram a pesar sobre o sentimento dos investidores nesta quinta-feira.
No fim do dia, o índice recuou 1,13%, aos 126.355 pontos, ainda afastado da mínima de 124.895 pontos, enquanto a máxima foi de 127.797 pontos.
Ibovespa hoje
Nem mesmo as declarações mais moderadas do presidente americano, Donald Trump, sobre uma possível extensão do período de 90 dias de pausa das tarifas retaliatórias foram capazes de trazer alívio ao mercado.
O Ibovespa encerrou o dia em queda firme, pressionado pelas ações da Petrobras, que já perdeu R$ 88,8 bilhões em valor de mercado desde o anúncio do tarifaço na semana passada. Atualmente, a estatal está avaliada em R$ 418,3 bilhões.
O giro financeiro do índice foi de R$ 20,1 bilhões e de R$ 25,8 bilhões na B3 (até as 17h15).
Dólar hoje
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O dólar à vista recuperou boa parte do terreno perdido na sessão de ontem.
O temor com a guerra tarifária entre Estados Unidos e China voltou a pesar nos negócios e um movimento claro de fuga de ativos de risco se consolidou, em especial na primeira etapa da sessão, com moedas de mercados emergentes entre as que mais depreciaram, índices acionários em queda firme, e prêmio de risco surgindo nas curvas de juros nos Estados Unidos.
Na esteira do fortalecimento de moedas de mercados desenvolvidos, o euro disparou frente ao real hoje.
No fim dos negócios desta quinta-feira no mercado “spot”, o dólar à vista fechou negociado em alta de 0,94%, cotado a R$ 5,8987, depois de ter encostado na mínima de R$ 5,8258 e batido na máxima de R$ 5,9556.
Já o euro comercial exibiu apreciação ainda mais forte, ao avançar 3,34%, a R$ 6,6062.
No exterior, perto do fechamento, o índice DXY recuava 1,87%, aos 100,977 pontos, com o euro, iene japonês e franco suíço em forte valorização frente ao dólar.
O real seguia entre os piores desempenhos frente ao dólar, na relação das 33 moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor.
Bolsas de Nova York
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O movimento de queda nas bolsas de Nova York desde o início do pregão desta quinta-feira (10) foi intensificado após a Casa Branca anunciar, durante a tarde, que as tarifas dos Estados Unidos sobre a China chegam ao patamar de 145%.
As incertezas em torno da guerra tarifária entre os países deteriora o apetite dos investidores por ativos de risco, derrubando os principais índices acionários americanos.
No fechamento, o índice Dow Jones caiu 2,50%, aos 39.593,66 pontos, enquanto o S&P 500 cedeu 3,46%, aos 5.268,05 pontos, e o Nasdaq caiu 4,31%, aos 16.387,31 pontos.
Apenas o setor de bens de consumo básico fechou no positivo (0,19%). Os setores mais afetados foram o de energia (6,4%) e tecnologia (4,55%), com destaque para as ações da Tesla (7,27%), Nvidia (5,91%) e Meta (6,74%).
As ações da Warner (12,53%) e da Disney (6,79%) também desempenharam mal hoje, após a China anunciar a redução das importações de filmes americanos, devido à guerra comercial com os Estados Unidos.
Em relatório, o Goldman Sachs diz que seu modelo de análise de risco e queda em ações tem sinalizado alto risco de tombo desde janeiro.
A probabilidade de uma nova correção nos mercados recentemente ultrapassou 35%, impulsionada pelo enfraquecimento do momento macroeconômico, maior incerteza na política econômica e piora nos indicadores de risco.
Neste contexto, os economistas do banco apontam para o risco crescente de retornos futuros mais baixos para ações e a probabilidade de quedas mais profundas nos mercados, além de mais volatilidade no curto prazo.
“No entanto, uma mudança clara na política econômica — geralmente liderada pelo Federal Reserve — historicamente ajudou em recuperações mais rápidas”, explicam.
O mau humor dos mercados com a política comercial americana foi suficiente para ofuscar a divulgação de dados de inflação e emprego nos Estados Unidos.
O CPI registrou alta de 0,1% em março ante fevereiro, em linha com o esperado, e o núcleo da inflação subiu 0,1%, abaixo do consenso do mercado de 0,2%.
Já os pedidos iniciais de seguro-desemprego somam 223 mil na semana, em linha com o consenso.
Bolsas da Europa
Os principais índices de ações da Europa tiveram forte alta nesta quinta-feira (10), com o mercado repercutindo a decisão do presidente americano Donald Trump de reduzir as tarifas recíprocas anunciadas na semana passada por 90 dias.
O anúncio foi feito na tarde de quarta (9), quando o pregão europeu estava fechado, e as bolsas americanas tiveram um rali histórico.
No fechamento, o índice Stoxx 600 teve alta de 3,93%, aos 488,34 pontos.
O FTSE 100, da Bolsa de Londres, avançou 3,04%, aos 7.913,25 pontos, o DAX, de Frankfurt, subiu 4,53%, aos 20.562,73 pontos, e o CAC 40, de Paris, anotou ganho de 3,83%, aos 7.126,02 pontos.
Nesta quinta-feira, foi a vez da União Europeia (UE) dar um passo atrás, com o bloco econômico anunciando uma pausa na aplicação de tarifas sobre 23 bilhões de euros em produtos americanos, sugerindo espaço para negociações.
Mas, apesar do alívio, ainda há incerteza em torno de como seria esse acordo e os possíveis impactos disso para o crescimento e a inflação.
O UBS WM disse, em nota, que a declaração de Trump na quarta reacendeu esperanças de que uma guerra comercial global possa ser evitada, embora o presidente tenha descartado a China e aumentado as tarifas sobre o país asiático, que é o maior exportador para os Estados Unidos.
“A declaração de Trump na quarta-feira abre espaço para possíveis acordos de redução tarifária com diversos parceiros comerciais. Acreditamos que essa abordagem do governo americano é consistente com uma estratégia de ‘escalar para depois desescalar’ em relação à boa parte do mundo”, dizem os analistas, em relatório, que ainda permanecem cautelosos quanto à forte escalada de tensões entre os Estados Unidos e a China.
Eles também alertam que a volatilidade nos mercados deve permanecer elevada nas próximas semanas, à medida que os investidores acompanham o fluxo de notícias em torno das tarifas e os possíveis impactos disso para a economia.
Com informações do Valor Econômico
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