De coitadinhas à queridinhas, ações de empresas de educação voltam a encantar investidor
Empresas citadas na reportagem:
As ações de educação deixaram para trás o período de baixos retornos. Ao menos de janeiro para cá. Enquanto o Ibovespa, o principal índice de ação da bolsa de valores, acumulou ganhos de 12,17% do início do ano até a sexta-feira (25), os papéis do setor de educação acumulam ganhos que vão de 18% a mais de 100%.
Exceção apenas para a ação do grupo Bahema (BAHI3), de educação básica, dono da Escola da Vila, em São Paulo, e da Escola Parque, no Rio.
Veja o ganho acumulado das empresas do setor de educação na B3, desde o início do ano.
- Cogna (COGN3): +131%
- Ânima (ANIM3): +93,63%
- Yduqs (YDUQS3): +67,18%
- Ser Educacional (SEER3): +34,47%
- Cruzeiro do Sul (CSED3): +27,56%
- Vitru (VTRU3): +18,88%
- Bahema (BAHI3): -23.43%
Ações de educação: melhores para investir
Ações como Yduqs (YDUQ3), Cogna (COGN3) e Ânima Educação (ANIM3) estão entre as as melhores para investir em 2025, com retorno de até 100%.
De coitadinhos a queridinhos, grupos de educação vivem um rali na bolsa ligado tanto a mudanças de como investidores acompanham os papéis quanto à queda de desconfiança em relação ao setor.
O mercado passou a reconhecer que as empresas de educação podem gerar cada vez mais caixa adiante. De acordo com analistas ouvidos pela Inteligência Financeira, as empresas também bateram quem aposta contra – investidores que alugavam as ações com posições de venda.
Cogna (COGN3), Yduqs (YDUQ3): por trás do rali de educação
O Bank of America afirma que as ações de educação estão entre as melhores para se investir na bolsa de valores porque o setor vive hoje um rali.
Em 2024, as ações de Cogna e Yduqs estavam entre as piores do Ibovespa. Perderam 60% do valor de mercado cada uma. Hoje, são expoentes na B3.
O que mudou em questão de meses foi a capacidade das empresas de educação em gerar cada vez mais dinheiro. Quase todas elas ganharam fluxo de caixa, o que revigorou as cotações no Ibovespa.
“As empresas do setor vêm apresentando bom desempenho, impulsionadas por balanços que indicam retomada do crescimento”, diz Leonardo Terroso, analista de investimentos da AWM, gestora da Warren.
De 2022 a 2024, a Yduqs saiu de saldo negativo em caixa para fluxo positivo de R$ 487 milhões. No ano passado, a Cogna gerou R$ 395 mi para os cofres da empresa após despesas de capital.
Com a posição de caixa fortalecida, o humor do mercado mudou. Na visão de Heitor Martins, analista e fundador da Valor Academy, os especialistas reconheceram uma melhora nos fundamentos destes negócios.
“A melhora de caixa foi suficiente para trazer melhora do cenário às empresas. Mas outro ponto que vale frisar é que o setor amadureceu bastante”, diz Martins.
Ele elenca o aumento de vagas nos cursos de medicina como uma das principais iniciativas que ajudaram empresas do setor na bolsa depois da pandemia. Tanto Yduqs quanto Cogna bateram as metas prometidas a acionistas, o que ajudou as ações se valorizarem.
“Os resultados também passaram a ser mais consistentes”, completa Terroso.
Short-squeeze fez das ações as melhores para investir em 2025
Há também um movimento mais técnico que está por trás do rali de educação. Na avaliação de Rafael Gad, analista da Ajax Asset, houve um aperto das posições alugadas em papéis como Cogna e Yduqs.
Conforme a alta das ações do setor, investidores que alugaram fluxo de ações para operarem vendidos no papel começaram a realizar prejuízo. Nesse movimento de short squeeze, quem precisa se desfazer da operação compra papéis no mercado.
“Muitos fundos de investimento estavam “shorteados” nesses papéis de educação, ao lado de ações do varejo, por exemplo”, afirma Gad. Para ele, a entrada de investimento estrangeiro em US$ 8 bilhões no Ibovespa entre janeiro e abril colaborou para a alta de ações como Yduqs e Cogna.
Houve também uma mudança na percepção do mercado sobre os juros no Brasil. Se em dezembro analistas contavam com uma alta da Selic a 16%, hoje é esperado que a taxa chegue a 15% no pico do ciclo.
O juro mais baixo dá maior fôlego à atividade econômica, pois reduz o custo de capital.
Vale comprar Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3) em pleno rali?
Para analistas, o rali de educação na bolsa deve continuar, acompanhando a queda da Selic. No entanto, depende da nova regulamentação do ensino à distância (EAD) proposta pelo Ministério da Educação (MEC).
A pasta adiou para maio a criação de novas regras para polos de EAD no Brasil. A proposta deve impactar principalmente a criação de novas vagas.
Para Martins, as novas regras do MEC podem afetar mais Cogna (COGN3) e Ânima Educação (ANIM3). “Mas não alteram os fundamentos conquistados”, diz.
Terroso, da AMW, completa: “apesar da melhora nos fundamentos, o setor é sensível a regulamentações sobre ensino a distância. E, sobretudo, à curva de juros.”
Para o JPMorgan, as empresas de educação devem continuar gerando caixa em 2025. Sem aquisições relevantes à vista, elas devem perder menos receita com programas de diluição de parcelas. O banco tem recomendação de compra para Yduqs e Ânima (ANIM3).
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