Ozempic, Wegovy e Mounjaro: como medicamentos para perda de peso mexem com a economia brasileira?

Farmácias movimentadas, troca de produtos nos supermercados e até mesmo a reposição do guarda-roupa estão entre os efeitos

A popularização e o crescente uso de medicamentos para perda de peso, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, têm potencial de provocar mudanças relevantes em diferentes segmentos do varejo brasileiro. Essa é a avaliação da Genial Investimentos em relatório assinado pelos analistas Iago Souza e Nina Mirazon.

A casa considera que o aumento da base de usuários desses remédios no Brasil deve ser impulsionado por maior disponibilidade, redução de preços com a quebra de patentes e entrada de novos concorrentes. O que pode desencadear uma série de efeitos econômicos.

“Como se trata de um tratamento contínuo e ainda de alto custo, é possível que parte do consumo seja redirecionado, com cortes em itens discricionários e bens não essenciais”, destacam o analistas.

Alavanca de crescimento das farmácias

Naturalmente, a Genial vê o consumo maior de medicamentos para perda de peso como positivo para o varejo farmacêutico. Especialmente a partir de 2026, com a quebra da patente do Ozempic no Brasil.

“A entrada de genéricos deve aumentar o volume vendido, com a ampliação do público-alvo por meio de preços mais acessíveis. Melhorar as margens, já que medicamentos genéricos geralmente oferecem rentabilidade superior aos medicamentos de marca (RX).”

Os analistas apontam que, apesar de o efeito no ticket médio ser negativo incialmente (dado que os genéricos são mais baratos), o ganho de escala e a fidelização de clientes devem mais do que compensar essa dinâmica.

“Acreditamos ainda que a atual demanda reprimida por Ozempic — decorrente de limitações de oferta pela Novo Nordisk — pode se transformar em uma forte alavanca de crescimento assim que houver maior disponibilidade de produto e alternativas no mercado.”

Troca de produtos nos supermercados

O impacto sobre supermercados, na visão da Genial, pode ser relativamente neutro. Isso mesmo que a adoção crescente de medicamentos para perda de peso leve à redução do apetite e à rejeição por certos alimentos. Como snacks, doces, refrigerantes e produtos ultraprocessados.

“Acreditamos que a demanda pode se redirecionar para outras categorias, como alimentos frescos, ricos em proteínas ou com apelo saudável.”

“Ou seja, a menor venda de algumas categorias poderia ser parcialmente ou totalmente compensada por outras, mantendo o faturamento estável no agregado. O maior risco, nesse caso, parece recair mais sobre as indústrias de alimentos processados do que sobre os supermercados em si.”

Reposição do guarda-roupa

Finalmente, para a Genial, o varejo de vestuário pode ser impactado em duas etapas. Isso com um certo delay, como anotam os analistas da casa.

“Num primeiro momento, o orçamento do consumidor muda de foco. Parte do que antes ia para moda pode ser realocado para o tratamento com medicamentos como o Ozempic, reduzindo o share of wallet das lojas de roupa.”

“Mas o jogo vira. Conforme o tratamento avança e o emagrecimento se concretiza, entra em cena uma nova demanda: a reposição do guarda-roupa. Peças mais ajustadas, roupas em tamanhos menores e até uma mudança no estilo pessoal podem impulsionar uma nova onda de consumo — dessa vez puxada pela transformação física de quem está em tratamento.”

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