Renda fixa isenta, dividendos e supersalários taxados: mercado recebe bem proposta do novo IR

Projeto de taxar os supersalários em até 10%, incluindo até a tributação na fonte dos dividendo, fez a conta do governo parecer crível ao mercado

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explica o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda e eleva a taxação dos mais ricos. Foto: Diogo Zacarias/MF
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explica o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda e eleva a taxação dos mais ricos. Foto: Diogo Zacarias/MF

Ao contrário de 28 de novembro do ano passado, quando o governo atropelou um aguardado anúncio de corte de gastos com um mal digerido projeto para ampliar a faixa de isenção do Imposto de renda, os mercados reagiram bem ao texto que libera do Fisco quem recebe até R$ 5 mil.

O que mudou em quase quatro meses foi o desenho da proposta. O projeto de taxar os supersalários em até 10%, incluindo até a tributação na fonte dos dividendos do mercado financeiro, fez a conta de Fernando Haddad parecer crível aos olhos do mercado.

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Os investidores também respiraram aliviados com a manutenção das aplicações isentas, exatamente como elas são atualmente. Assim, as letras (LCI e LCA), os certificados de recebíveis (CRAs e CRIs) e as debêntures de infraestrutura permanecem sem incidência de alíquotas. .

Foi por esse motivo que o mercado, que estava num bom dia, continuou assim até o fechamento. A bolsa encerrou em alta de 0,49%. O dólar recuou 0,25%, negociado a R$ 6,67. E ninguém no mercado reclamou do governo mais do que, pelo menos, já vinha reclamando.

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Compensação do IR agrada mercado

Para Felipe Salto, economista chefe da Warren Investimentos, o desenho de isenção de IR até R$ 5 mil , com descontos para quem ganha até R$ 7 mil, gerará perda importante de receitas. Mas deve ser compensada pelo desenho de tributação mínima sobre a o contribuinte de alta renda. Acrescida de uma novidade: a taxação de 10% para envio de dividendos ao exterior.

“Teoricamente, (o projeto) compensaria os R$ 5 bilhões perdidos a partir de 2025 (com a isenção) e os R$ 25,84 bi de 2026 em dia, quando haveria entrada do imposto mínimo”, escreveu, em nota.

José Raymundo Júnior, da WIA Investimentos, aponta que o texto, que agora segue para discussão do Congresso, aliviou um pouco as tensões. “(O projeto) reduziu o risco de descasamento de caixa com o pagamento, na fonte, dos dividendos”, afirma

Desafio internacional

Para Celso Placido, que é estrategista da Warren, o timing da projeto também foi positivo para o governo. Segundo ele, a princípio, os grande investidores estão mais preocupado com o trade macroeconômico, fruto das incertezas que chegam dos Estados Unidos. Isso, diz, gera oportunidades para o Brasil.

“Eu vejo muitos investidores, gestores, fundos de pensão muito leve em renda variável. E, olhando para emergentes também, o Brasil pode se beneficiar com essa guerra tarifária do Trump”, diz ele, dando o tom da melhora (ainda tímida) dos mercados aqui no Brasil.

“A gente está vivendo um cenário onde o externo pode nos favorecer. E a bolsa ficou muito barata também em relação aos outros países emergentes”, diz ele.

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