Lemann diz que situação econômica com Trump é ‘confusa demais’

As medidas adotadas pelo presidente americano, Donald Trump, em sua segunda gestão trouxeram incertezas e não está claro por quanto tempo esse ambiente de insegurança vai se impor, na avaliação do investidor Jorge Paulo Lemann, um dos fundadores da 3G Capital, com Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
“As coisas estão confusas demais e ninguém sabe o que virá [ainda]”, disse Lemann, em painel com o também empresário Brad Jacobs, autor do livro “How to make a few billion dollars” (Como ganhar alguns bilhões de dólares, em tradução livre), na Brazil Conference, evento organizado por estudantes brasileiros nos Estados Unidos na Universidade de Harvard e no MIT no fim de semana.
Em sua avaliação, a “disrupção” proposta por Trump pode ter um resultado razoável, mas é preciso aguardar. “Vamos ter de esperar um tempo para ver. Mas ainda acredito muito nos Estados Unidos, em sua filosofia e nos empreendedores [americanos]”, acrescentou Lemann, que não fez menção ao caso Americanas (AMER3), uma das empresas investidas do trio, e atribuiu à “cervejaria” – um negócio que começou com a compra da Brahma em 1989 e deu origem ao gigante das cervejas AB Inbev – o título de melhor investimento que já realizou.
Para Jacobs, que respondia à pergunta sobre as mudanças em curso nos Estados Unidos feita pela deputada federal Tábata Amaral (PSB), uma das fundadoras da Brazil Conference, o momento é interessante para o país e as medidas de Trump podem terminar “em grandes mudanças, algumas muito boas, outras muito ruins” e produzirá “karma”.
“Alguns gostam do que o presidente está fazendo, de sua visão de ‘América em primeiro lugar’, para tentar resolver o que ele acredita que são injustiças comerciais de outros países contra os Estados Unidos. Outros acreditam que talvez ele esteja errado”, afirmou o empresário americano, cuja fortuna é estimada em US$ 12,8 bilhões pela Forbes. “Mas seu método, de fazer isso de forma violenta, meio desrespeitosa com o resto do mundo, trará consequências negativas”.
Segundo Jacobs, mesmo que os Estados Unidos ganhem a guerra comercial – perder é pouco provável, em sua avaliação -, será “assimétrico”, porque o país consome muito mais do que vende. “Portanto, tarifas iguais têm um ‘numerador’ diferente. É quase impossível que não ganhe a guerra comercial. O outro lado sofrerá mais, mas ele pode suportar o sofrimento, desde que outras pessoas sofram”, disse. “Não sei como isso vai acabar”.
Ao mesmo tempo, afirmou Jacobs, as medidas trouxeram volatilidade máxima e ele, como empresário, avalia que há boas oportunidades de negócio neste momento. “A volatilidade pode ser sua amiga porque os ativos ficam mal avaliados, ou supervalorizados ou subvalorizados com base na emoção e na histeria. Esse é um momento muito bom para investir, quando os preços estão deslocados”, explicou, contando que tem feito muitas aquisições (M&A, na sigla em inglês) neste momento.
Portanto, do ponto de vista comercial, Jacobs se diz “cautelosamente otimista” em relação aos que são capazes de lidar com essa volatilidade. “Gostaria de ser otimista, mas certamente há algumas nuvens no horizonte”, destacou.
*Com informações do Valor Econômico
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