Guedes critica Ilan Goldfajn e dispensa missão do FMI

Ministro ironiza ex-presidente do BC por previsões sobre atividade econômica
Pontos-chave
  • Guedes não gostou da fala do ex-presidente do Banco Central de que o Brasil terá um 2022 ‘complicado’

  • Ilan Goldfajn vai assumir o cargo de diretor para o Hemisfério Ocidental do FMI em janeiro

O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a criticar economistas que estão prevendo um desempenho econômico ruim do Brasil no ano que vem. Durante o fórum Moderniza Brasil, realizado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ele chegou a mencionar diretamente o ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn, que assumirá o cargo de diretor para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI) em janeiro.

“Achavam que o Brasil iria cair 10% [no ano passado], caiu 4%. Depois que iria ficar em recessão e voltou em V, com crescimento forte, e agora a desgraça foi rolada para o ano que vem. O ano que vem é que vai ser desgraça”, ironizou o ministro.

“As previsões anteriores todas estavam erradas. Dizer até com muita delicadeza que estamos dispensando a missão do FMI. Eles estão aqui já há bastante tempo porque tinham o que fazer, né? [O Brasil] vivia sempre em desequilíbrio, mas estamos dispensando. Pode voltar. Estão dispensados, podem ir passear lá fora”, continuou. “Vieram aqui para prever uma queda de 9,7% [do PIB] e que a Inglaterra iria cair 4%. Nós caímos 4% e a Inglaterra caiu 9,7%. Estou achando melhor eles fazerem previsão em outro lugar”, declarou Guedes sob aplausos do público na Fiesp.

Em seguida, citou o ex-presidente do Banco Central. “Particularmente, tem um amigo nosso, até se ofereceu para ficar como presidente do Banco Central independente logo no início e eu falei ‘olha, só tem bônus se tiver ônus. Se for para ficar com a gente dois anos, a gente considera. Se for pra ficar um mês, dois meses e ir embora, não precisa não’. O Ilan, um ótimo brasileiro, boa pessoa, tudo isso. Ontem criticou a gente pesado, então estou devolvendo hoje”, comentou Guedes

“Já que vamos ter um brasileiro que conhece bastante o Brasil e critica a gente no FMI, não precisamos ter mais aqui dentro. Deixa a turma falar mal da gente lá fora em vez de falar mal aqui dentro também”, acrescentou o ministro da Economia.

Na terça-feira, em evento com ex-presidentes do Banco Central, Ilan Goldfajn reforçou o coro de grande parte dos economistas do mercado e disse que 2022 será um ano “complicado”. Ele disse que o BC brasileiro precisa atuar para evitar que as incertezas fiscais não se reflitam em uma inflação mais alta.

Em coletiva de imprensa na Fiesp, Guedes defendeu a política fiscal executada pelo governo e disse que não leu nenhuma reportagem, mas ouviu falar que Goldfajn fez críticas duras à política econômica. “É o Ilan, é um economista, meu amigo. Essa época de política torna tudo um pouco mais confuso”, declarou. Para o ministro, já que o ex-presidente do BC, “um brasileiro bem preparado”, já tem uma visão negativa sobre o governo e está indo para o FMI, não é necessário que haja outro representante da instituição no país.

“Eu ainda preciso de um observatório do FMI? Não preciso”, reiterou. “Não precisamos mais do FMI acampado aqui”, adicionou, informando que já assinou o documento que pede o fechamento da missão da entidade. “Chama-se residente do FMI no Brasil. Nós é que credenciamos. Em junho do ano que vem, fecha essa missão aqui.”

Guedes ainda reafirmou que o Brasil já tem aproximadamente R$ 700 bilhões em investimentos contratados a partir das reformas dos marcos legais de diversos setores. De acordo com o ministro, esse montante deve ser jogado na economia do país ao longo de dez anos. Assim, em sua visão, R$ 70 bilhões que serão investidos no ano que vem ajudarão o país a crescer acima da previsão dos economistas do FMI e do mercado financeiro.

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