Gestora de Armínio Fraga, Gávea reduz posições de risco com ziguezague de Trump com tarifas
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O clima de imprevisibilidade gerado por Donald Trump já se faz presente nos fundos de investimento brasileiro, principalmente aqueles que operam com mandato internacional. Eles já trazem resultados complicados em março, depois de um fevereiro bom para o setor. Na Gávea Investimentos, gestora de Armínio Fraga, não foi diferente.
A tradicional asset carioca derrapou frente ao CDI no mês passado. E, agora, para evitar maiores problemas, a gestora resolveu apertar o botão de segurança, que consiste em reduzir para perto de zero todas as posições de risco, principalmente as que envolvem aplicações em moedas e em ações de empresas.
Em entrevista ao PodInvestir, o podcast original da Inteligência Financeira, o economista chefe da Gávea Investimentos, Edward Amadeo, comentou a situação.
Amadeo foi o terceiro entrevistado de uma série que avalia os impactos dos primeiros 100 dias de Donald Trump, de volta à Casa Branca, para o mercado financeiro brasileiro. A entrevista completa está no Youtube, aqui, no Spotify, aqui, ou em sua plataforma preferida de áudio e vídeo.
‘Diminuímos enormemente o risco’
Questionado sobre o atual cenário para investimentos, Edward Amadeo, que foi ministro do Trabalho de Fernando Henrique Cardoso, comentou que o momento é de muitas dúvidas e quase nenhuma certeza.
“Hoje nós diminuímos enormemente o risco”, confessou.
“Estamos com o risco baixo para o nosso histórico porque, basicamente, quando você tem eventos de natureza principalmente política, em que a gente não entende exatamente o que está acontecendo e não consegue ter uma visão direcional, a nossa estratégia é reduzir risco”, contou.
‘Se não fosse o Trump’…
Ele contou que até dezembro do ano passado, a Gávea tinha uma aposta em dólar forte no mundo, redução leve do PIB dos Estados Unidos e sinal para cima para a bolsa americana, puxada pelas empresas de tecnologia.
“Se não fosse o Trump, eu acho que os Estados Unidos continuariam como aconteceu nos últimos anos: voando”, explicou.
“Eles têm muita coisa boa. Eles têm a coisa da tecnologia, eles têm um mercado de trabalho flexível. Eles têm uma área de inovação fora de série. Têm um banco central muito eficiente. Então, as coisas, se deixadas sozinhas nos Estados Unidos, e esse era o nosso cenário em dezembro do ano passado. os Estados Unidos iriam voar na frente do resto do mundo”. contou.
Investidores assustados
Agora, não importa muito o que aconteça, os investidores se assustaram. “O mercado fugiu para o ouro. A importação de ouro nos últimos dois meses nos Estados Unidos aumentou muito. Logo depois, foram para o euro. Foram para o franco suíço. Então, foi uma espécie de risk off em que os Estados Unidos não se beneficiaram porque eles foram a origem do risk“, disse.
“Então, basicamente, a gente precisa, do ponto de vista da Gávea, pensar com muita calma a forma e o tamanho com que se fez esse tarifaço. Isso pode afetar nossas visões originais”, concluiu.
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