Bolsas em NY fecham em queda diante de avanço dos rendimentos de títulos do Tesouro; Dow Jones fica estável

Os principais índices acionários de Wall Street terminaram a sessão desta segunda-feira no vermelho
Pontos-chave
  • O movimento ocorreu após a reunião entre representantes ucranianos e russos não alcançar um acordo concreto para o fim da guerra

  • O resultado desta segunda-feira veio no contexto do forte avanço dos rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro americano, às vésperas da decisão de política monetária pelo Fed

Os principais índices acionários de Wall Street terminaram a sessão desta segunda-feira no vermelho. O movimento ocorreu após a reunião entre representantes ucranianos e russos não alcançar um acordo concreto e também diante do forte avanço dos rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro americano, às vésperas da decisão de política monetária pelo Federal Reserve (Fed).

O índice Dow Jones terminou a sessão em estabilidade, a 32.944,78 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 0,74%, a 4.173,11 pontos, e o Nasdaq caiu 2,04%, a 12.581,22 pontos. Entre os índices setoriais do S&P 500, o melhor desempenho ficou com o segmento financeiro, em alta de 1,25%. O setor se beneficia do avanço forte dos rendimentos dos títulos do Tesouro. Próximo das 17h, o yield da T-note de dez anos operava a 2,135%, de 2,006% do último fechamento. Com isso, as ações do Wells Fargo cresceram 2,87% na sessão, enquanto as do Bank of America subiram 2,13%.

Em relatório divulgado nesta segunda-feira, John Higgins, economista da Capital Economics, afirmou que as ações dos EUA podem continuar tendo desempenhos baixos, se comparado com o resto dos outros mercados desenvolvidos, mesmo que ocorra um abrandamento na crise Rússia-Ucrânia. Higgins afirma que os setores de tecnologia, consumo discricionário e serviços da comunicação se beneficiaram muito na pandemia com o recuo dos rendimentos dos títulos do Tesouro. No fim do ano passado, com a sinalização de que o Fed daria início ao aperto monetário, os yields voltaram a subir, o que penalizou esses setores. Porém, a guerra na Ucrânia limitou o avanço dos yields, mas isso “não se traduziu em um desempenho renovado a tais setores”.

“O desempenho superior das ações nos EUA nos estágios iniciais da guerra parece ter sido impulsionado por uma visão de que o resto do mundo desenvolvido estaria mais exposto ao conflito”, ainda segundo o economista. “As esperanças de um avanço nas negociações entre a Rússia e a Ucrânia viram, portanto, as ações dos EUA apresentarem um desempenho inferior hoje.” Vale lembrar que na Europa, as principais bolsas terminaram a sessão com ganhos e o índice Stoxx 600 fechou em alta de 1,20%.

Depois do setor de energia, o mais penalizado da sessão devido à queda brusca dos preços do petróleo (ambos os contratos WTI e Brent fecharam em queda superior a 5%), hoje os três setores indicados pelo economista seguiram como os mais abatidos. Tecnologia caiu 1,90%, serviço de comunicação perdeu 1,81% e consumo discricionário recuou 1,75%.

Entre as ações, o destaque fica com as da empresa de dados Nielsen, com ganhos de 30,55%. Hoje, o “The Wall Street Journal” informou que um grupo de companhias de private equity, incluindo a Elliott Management, está em negociações avançadas para comprar a empresa por cerca de US$ 15 bilhões, incluindo dívidas. Na ponta das perdas, Occidental Petroleum e da Chevron recuaram 4,06% e 2,45%, respectivamente, após o banco Morgan Stanley rebaixar as ações das companhias.

Hoje, as ações receberam pressão ainda do novo surto de covid-19 na China, que ameaça criar novos entraves para as cadeias globais de abastecimento, que alimentam, por sua vez, a pressão inflacionária entre as principais economias. A China anunciou novas restrições para conter o maior surto da doença desde o início da pandemia, interrompendo as operações de empresas como a Foxconn – umas das principais fornecedoras da Apple -, assim como de diversas fábricas em Shenzhen.

A ação da Tesla, por exemplo, perdeu 3,64% depois que o presidente da empresa, Elon Musk, disse no domingo, por meio do Twitter, que tanto a Tesla quanto a sua companhia espacial, SpaceX, estavam vendo “pressão inflacionária significativa recentemente em matérias-primas e logística”, acrescentando que “não estamos sozinhos” ao ver estes efeitos.

Com Valor Pro, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.

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