BC: apostas online movimentam de R$ 20 bi a R$ 30 bi por mês na economia brasileira

O secretário-executivo do Banco Central (BC), Rogério Lucca, afirmou que estudos da autoridade monetária apontam que o fluxo de dinheiro para os sites de bets gira em torno de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões por mês.

Lucca participou de sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, no Senado Federal, ao lado do presidente do BC, Gabriel Galípolo, e da chefe do departamento de supervisão de conduta, Juliana Sandri.

O BC publicou, em setembro do ano passado, uma análise técnica que apontou que beneficiários do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões via Pix para empresa de apostas virtuais em agosto de 2024.

No documento, o Banco Central afirma que está atento a possível impactos dos gastos “para a economia, a estabilidade financeira e o bem-estar financeiro da população”.

Parte do valor volta para os apostadores

O secretário-executivo explicou que esse montante, de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões é o valor transferido para as bets e parte dele volta para o apostador.

Na época do estudo, o percentual utilizado era de 85%, mas Lucca explicou que, depois de conversar com o Ministério da Fazenda e a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), chegou-se à conclusão de que o percentual poderia estar subestimado.

Segundo o presidente do BC, Gabriel Galípolo, esse valor que retorna estaria em torno de 93% e 94%. Lucca explicou que na época em que esse estudo foi feito, a estimativa era um valor médio mensal de R$ 20 bilhões de fluxo para esses sites.

Depois, a partir de janeiro, com a regulamentação do setor, as instituições passaram a ter uma conta específica no banco e uma identificação de Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) o que possibilitou a obtenção de “dados mais concretos”.

“Então, hoje em dia, durante este ano, de janeiro a março, esse valor que a gente acompanha para efeito de atividade gira em torno de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões por mês, ratificando aquilo que a gente tinha estimado no final do ano passado.

Bancos já consideram apostadores como risco de crédito

Durante sua fala, Galípolo também destacou que, na maior parte dos bancos com que o BC conversa, já é considerado um maior risco de inadimplência de quem aposta e “no final do dia, acaba saindo um custo mais elevado para essas pessoas que tomam empréstimo já de antemão na análise”.

Na abertura da sua participação, Galipolo ainda destacou que tem o dever de preservar o Pix como infraestrutura digital pública e que a manutenção da confiança da população do Pix, principalmente na proteção dos dados, é essencial.

O presidente do BC também pontuou que as operações no Pix são cobertas pelo sigilo bancário.

“Por essas razões, estou legalmente impedido de apresentar dados ou elementos que digam respeito às operações processadas no âmbito do Pix, incluindo os valores e as partes pagadoras e recebedoras envolvidas nos pagamentos”.

*Com informações do Valor Econômico