Aviões da Boeing enfrentam tarifa de 125%; como isto pode afetar preço das passagens?
A guerra comercial entre EUA e China impõe tarifa de 125% em aviões Boeing, impactando custos das companhias aéreas e elevando potencialmente o preço das passagens
A Boeing está no meio da guerra comercial entre Estados Unidos e China, e as companhias aéreas chinesas estão devolvendo aviões em vez de pagar uma tarifa de importação de 125%.
É uma situação desafiadora para a americana Boeing e uma resposta óbvia de qualquer companhia aérea que busca adicionar capacidade.
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O impacto nas passagens aéreas de um conjunto tarifário tão alto cria grandes problemas para as companhias aéreas e os passageiros.
A guerra comercial se intensificou rapidamente. Após algumas rodadas de retaliação depois do anúncio de tarifas feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Jardim das Rosas em 2 de abril, a taxa que os EUA estão cobrando sobre a maioria das importações chinesas é de 145%. A taxa que a China cobra sobre as importações dos Estados Unidos é de 125%.
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Reação chinesa à taxação já afeta o setor
Essas taxas impressionantes estão começando a surtir efeito. A China supostamente devolveu três jatos 737 MAX do centro de finalização de Zhoushan para Seattle, de acordo com o site The Air Current. A Boeing se recusou a comentar sobre a notícia.
A China pode ter devolvido os aviões como um ato de desafio. Mas é igualmente provável que tenha sido uma decisão econômica. Nenhuma companhia aérea pode lucrar pagando mais que o dobro do preço por um avião.
De forma geral, os custos com aeronaves, incluindo aluguel, depreciação e manutenção, representam entre 10% a 20% dos custos operacionais totais de uma companhia aérea. Custos de pessoal e combustível representam algo mais próximo de 50%.
Se o custo de um avião dobra ou mais, então o custo de uma passagem média de Nova York para Los Angeles subiria aproximadamente 10% para pouco menos de US$ 700, vindo da faixa pouco acima de US$ 600 — tudo o mais permanecendo igual. Isso garantiria que as margens de lucro da companhia aérea não fossem afetadas.
Essa é uma estimativa aproximada, e o problema é que o setor aéreo é competitivo, e os passageiros são sensíveis a preço.
Como a situação está afetando o preço das passagens?
Elasticidade de preço se refere à mudança na demanda resultante de variações de preço. Uma elasticidade de um significa que, se o preço sobe 1%, a demanda cai 1%.
No nível de rotas — como Nova York para Los Angeles — a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) descobriu que a elasticidade é maior que um. Portanto, um aumento de 10% na tarifa aérea levaria a uma queda na demanda maior que 10%.
O problema para a companhia aérea que cobra mais é que ela então precisa aumentar ainda mais os preços para compensar o tráfego perdido.
Um aumento de custo de 10% e uma queda de 15% no tráfego significam que o preço médio daquele bilhete de Nova York para Los Angeles agora está mais próximo de US$ 800, um aumento de quase 30% em relação às tarifas dos concorrentes.
Isso se torna um ciclo mortal.
No nível nacional, a elasticidade está mais próxima de um. Assim, se todas as passagens aéreas aumentassem 10% de uma só vez, haveria aproximadamente 10% menos pessoas viajando.
Mais uma vez, isso é apenas uma regra geral. Viagens a negócios são menos sensíveis ao preço, e a renda e os hábitos das pessoas mudam com o tempo. À medida que as pessoas têm mais renda disponível, elas tendem a voar mais.
A IATA estima que o número de pessoas em aviões crescerá cerca de 2% ao ano, em média, de 2019 a 2025. Isso inclui o efeito da pandemia de covid-19, que resultou em uma queda brutal de 60% nas viagens em 2020.
Airbus ainda não foi tão prejudicada
A Airbus, concorrente da Boeing, não enfrenta a mesma pressão tarifária. Também não pode intervir e fornecer mais aviões. Não há estoque disponível.
Os aviões geralmente são encomendados com anos de antecedência, e ambos os fabricantes de aeronaves estão com dificuldades para aumentar a produção a fim de cumprir os pedidos que se estendem por anos.
O problema da Boeing com a China não parece ser uma ameaça existencial, mas é uma ilustração de como as políticas tarifárias podem prejudicar um grande exportador dos Estados Unidos.
Cerca de 70% da receita com aviões comerciais da Boeing em 2024 foi gerada fora dos Estados Unidos.
*Com informações do Valor Econômico