Real tem espaço para ser a melhor moeda da América Latina contra o dólar, avalia HSBC

Banco gringo espera dólar a R$ 5,60 até dezembro e diz que real hoje tem mais espaço para se valorizar com guerra tarifária

O real é a moeda que hoje tem o maior potencial de valorização contra o dólar em 2025 entre divisas da América Latina. Esta é a avaliação do banco HSBC. Em relatório, analistas da instituição financeira citam a perda de credibilidade do dólar no bolso de investidores ao redor do mundo após a implementação de tarifas comerciais dos Estados Unidos em abril.

A despeito da guerra comercial travada entre EUA e China, o HSBC enxerga força na moeda brasileira por meio de aumento de exportações para o país asiático. O cenário é parecido com o que ocorreu em 2017, quando Trump travou os primeiros embates comerciais com a China. “Acreditamos que o mesmo pode acontecer”, dizem os analistas do banco.

Dólar não deve voltar a R$ 6 em 2025, projeta HSBC

Apesar de ter iniciado o ano pressionando real por ruídos envolvendo o déficit fiscal do Brasil, o dólar hoje não tem mais fôlego para uma disparada rumo aos R$ 6. O HSBC avalia que a guerra comercial beneficia a moeda brasileira e afasta temores de forte desvalorização no câmbio novamente.

Nesse sentido, o banco espera uma valorização do dólar até o final deste segundo trimestre, para R$ 5,80. No terceiro e quarto trimestres, contudo, a divisa americana deve seguir perdendo força.

Até setembro, o dólar deve voltar à cotação de R$ 5,70 e, nos últimos três meses do ano, o HSBC vê o câmbio a R$ 5,60.

Na segunda-feira, o dólar se valorizou em 0,53% contra o real, cotado a R$ 5,68. O câmbio local seguiu, assim, tendência mundial. Isso porque China e Estados Unidos anunciaram uma pausa na guerra tarifária de 90 dias, assim como corte na taxação de importações.

A vantagem do Brasil, segundo a equipe do HSBC, é aumentar exportações no meio da briga entre China e EUA. “Seria um cenário parecido ao que ocorreu em 2017”, disse Paul Mackel, head de análise de moedas e câmbio do banco de Hong Kong no documento.

“Acreditamos que isso pode ocorrer de novo, e vemos exportações de commodities (do Brasil) para a China crescendo, aumentando o volume do país”, continua a equipe do banco.

Mas o aumento em exportações não seria inteiro para a China. Afinal, o Brasil pode ainda ganhar mais mercado em produtos exportados aos EUA.

O real é hoje a aposta do banco para desempenho positivo contra o dólar na América Latina.

“O Brasil tem tarifas (aplicadas pelos EUA) hoje mais baixas que seus competidores. Esse e mais fatores podem fazer com que o real supere moedas latino-americanas, e até pares emergentes.”

Economista vê real mais resiliente contra o dólar

Mesmo com o acordo de pausa na guerra comercial, o dólar se valorizou “na margem” contra o real, afirma André Valério, economista sênior do Banco Inter.

O real tende a perder valor no curto prazo porque o acordo traz alívio para a economia americana. A queda na possibilidade de estagflação nos EUA leva investidores a anteciparem uma força maior na produção do país, o que fez títulos de renda fixa do Tesouro de lá (Treasuries) dispararem.

“E a uma apreciação maior do dólar contra outras moedas do mundo”, comenta Valério.

Por outro lado, a melhora da economia dos EUA afasta medos de recessão, o que enfraqueceria o real e faria o dólar subir.

Na última recessão da economia americana, provocada pela pandemia em 2020, o real perdeu 20% de seu valor contra o dólar, calcula o HSBC. Foi o pior desempenho entre moedas da América Latina, seguida pelo peso mexicano.

Quanto mais o perigo de recessão se afasta, melhor para as commodities, diz Valério. A depreciação do real “é menos intensa” neste cenário, finaliza o economista.

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