Isenção maior do IR chega no momento em que mercado discute até onde vai escalada da Selic

O calendário econômico de 17 a 21 de março tem a nova decisão da Selic como destaque. Mas Brasília também estará no centro das atenções do mercado financeiro.
Isso porque o governo Lula pretende finalmente apresentar nos próximos dias a proposta de reforma do Imposto de Renda.
Como será o formato e quais compensações estarão no projeto para aumentar a isenção do IR dos atuais R$ 2.824 mensais para R$ 5 mil estão entre as principais dúvidas dos agentes.
Como pode ficar a tabela do Imposto de Renda?
Pela avaliação do Itaú, a ampliação da tabela deve contar com um faseamento até R$ 6,9 mil para evitar distorções. O banco estima que o custo bruto da isenção chegue a cerca de R$ 40 bilhões (0,35% do PIB).
Quanto à compensação, observa o Itaú, o Ministério da Fazenda deve apostar na tributação efetiva mínima para rendas superiores a R$ 600 mil anuais. Isso incluindo dividendos.
Porém, o banco menciona que ainda há discussão se rendimentos atualmente isentos entrariam na base de cálculo.
“Apesar de a proposta do governo para compensação ser potencialmente suficiente, há o risco de a proposta ser diluída durante a tramitação no Congresso com abertura de exceções e regras diferenciadas, além da incerteza sobre alterações no comportamento dos contribuintes”, aponta o Itaú.
Já um levantamento do BTG Pactual trouxe o sentimento de 58 participantes do mercado financeiro sobre o plano de governo Lula de aumentar a isenção do Imposto de Renda.
A maior preocupação (71%) está na possibilidade de aprovação do texto sem ou com uma compensação mínima. O que poderia abrir as portas para uma série de medidas expansionistas nos próximos 12-18 meses.
Apenas 7% dos consultados na pesquisa consideram que o evento já está precificado.
Enquanto 22% veem o projeto nos preços do mercado. Porém entendem que uma piora da popularidade de Lula acende o alerta para eventos fiscais de curto prazo.
Foco na reunião do Copom
Então, com o debate em Brasília esquentando, o Copom anunciará na quarta (19) uma esperada extensão no ciclo de alta da Selic. A taxa de juros subirá mais 1 ponto percentual, dos atuais 13,25% para 14,25%.
Agora, o foco estará na sinalização dos próximos passos. Bem como no balanço de riscos das expectativas de inflação.
Nos últimos 45 dias, sobretudo com uma depreciação relevante do dólar, o mercado parou de falar em dominância fiscal. O discurso agora é de que a escalada da Selic está mais perto do fim do ciclo.
Por isso, a avaliação predominante é que o Copom reitere no comunicado o compromisso de levar a inflação à meta de 3%. Ainda que não antecipe de forma explícita o que irá fazer na próxima reunião.
Também tem decisão de juros nos Estados Unidos
Finalmente, na agenda internacional, o destaque fica por conta da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed). A expectativa é de que os juros nos Estados Unidos sejam mantidos no intervalo entre 4,25% e 4,50%.
Com os dados de inflação dentro do esperado, o foco estará no ritmo de crescimento da economia americana.
Ou melhor, Jerome Powell, presidente do Fed, deve ser questionada sobre a chance de os Estados Unidos enfrentarem uma recessão ao longo deste ano. Isso diante do choque de incertezas provocado pelas politicas do início do governo Donald Trump.
Assim como, se a atividade econômica esfriar demais, o que o BC americano pretende fazer.
Calendário econômico – 17 a 21 de março
Segunda (17)
08h25: Boletim Focus (Banco Central)
09h00: IBC-Br/Índice de atividade econômica de janeiro (Banco Central)
Terça (18)
Sem indicadores relevantes
Quarta (19)
07h00: Inflação de fevereiro na zona do euro
15h00: Decisão de política monetária nos Estados Unidos (Federal Reserve)
15h30: Discurso de Jerome Powell, presidente do Fed
18h15: Taxa Selic/Decisão de juros no Brasil (Banco Central)
Quinta (20)
Sem indicadores relevantes
Sexta (21)
Sem horário: Arrecadação federal de fevereiro (Receita Federal)