Vale (VALE3) sofre com queda de preços, mas remessas ao exterior compensam: o que esperar adiante?

- A Vale (VALE3) registrou queda na produção e preço do minério de ferro no 1º trimestre, impactando suas ações.
- Apesar disso, o aumento nas exportações via marítima compensou parcialmente a desaceleração.
- Goldman Sachs reduziu a previsão de EBITDA em 2%, mas manteve recomendação de compra.
- BTG Pactual aponta menor apetite da China por minério caro, mas vê 2025 como ano de transição para a Vale.
- XP Investimentos destaca crescimento de 7% no transporte marítimo de ferro, acima das expectativas.
- Ações da Vale recuam 1,80% na bolsa, em meio à guerra comercial e desvalorização do minério.
Empresas citadas na reportagem:
A queda na produção de minério de ferro e no preço médio da commodity vendida pela Vale afetaram negativamente seu resultado no primeiro trimestre.
Ao mesmo tempo em que a companhia foi afetada pelas dinâmicas de mercado, ela aumentou a quantidade de exportação via transporte marítimo da commodity, o que compensa essa desaceleração. Esta é a visão dos analistas da XP Investimentos.
O banco Goldman Sachs reduziu a previsão de EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do primeiro trimestre.
A partir da prévia operacional, o banco calcula um impacto de 2% na linha de cima do resultado a partir das baixas em produção e preço de venda.
O Goldman manteve a recomendação de compra para Vale (VALE3).
Vale (VALE3): BTG vê China ‘indisposta’ a pagar por minério caro
No trimestre, geralmente negativo pelas fortes chuvas em campos de extração, a Vale (VALE3) focou em produzir minério de ferro de maior qualidade ao invés de pelotas de ferro.
No Sistema Sul, a Vale alega que reduziu a produção em 1,1 milhões de toneladas em 12 meses porque alega que tem “plano de priorizar a produção de produtos de maior margem em resposta às atuais condições de mercado”.
A mudança estratégia teve consequências no preço.
Na visão do BTG, a queda no volume em vendas se deu porque “falta apetite” da China para pagar valores maiores em minério de qualidade.
Em última instância, diz o banco, a estratégia da Vale de diversificar o mix de produção entre minério caro e barato é mais “sensível”.
De acordo com o BTG, no entanto, o mercado ainda não tem uma visibilidade clara do caminho afrente do setor.
Por outro lado, se a guerra comercial acelera a diversificação da Vale (VALE3), o aumento de comercialização em transporte marítimo jogou a favor da empresa no trimestre, diz a XP.
Pelo menos o suficiente para compensar a desaceleração da empresa.
O transporte marítimo de ferro cresceu 7% no comparativo anual, acima das estimativas dos analistas da corretora.
A alta no despache da commodity vem da “venda de estoque formado pela Vale nos trimestres anteriores”, pontua a XP.
Considerando toda a produção da Vale, o transporte marítimo cresceu menos, somente 3,8% no ano a ano.
Banco vê queda de Ebitda da Vale no próximo resultado
Para o Goldman Sachs, apesar de neutros para a ação, os dados da prévia operacional sinalizam uma queda de receita operacional no primeiro trimestre.
O banco, assim, revisou o Ebitda da Vale em 2%. Com o ajuste, o Goldman antecipa agora que a Vale gere lucro operacional de R$ 3 bilhões no período.
O banco americano manteve recomendação de compra para as ações da Vale, com preço-alvo de US$ 16,10 para o ADR da mineradora listado na bolsa de valores de Nova York.
O BTG Pactual não fez ajustes em previsões para Vale e prevê um Ebitda de R$ 3,2 milhões. “2025 provavelmente será um ano de transição nas operações (da Vale)”, disseram analistas.
A fuga de risco de investidores globais desfavorece as ações, contudo, o que justifica a recomendação neutra do BTG.
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