Trump ameaça tirar ações chinesas das bolsas americanas
Grandes ações chinesas como Alibaba e Baidu, que despencaram com a intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China, podem ser retiradas das bolsas americanas pelo presidente Donald Trump.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, sugeriu a possibilidade de exclusão numa entrevista na semana passada.
“Tudo está sobre a mesa”, disse Bessent no canal Fox Business, quando questionado se Trump consideraria retirar empresas chinesas da Bolsa de Nova York e da Nasdaq. As companhia negociam recibos de ações americanos (ADRs, na sigla em inglês).
O Departamento do Tesouro, a Bolsa de Nova York e a Nasdaq não responderam imediatamente ao pedido de comentário da revista “Barron’s”.
Trump pode excluir empresas com base na Lei de Responsabilização de Empresas Estrangeiras, que ele assinou em 2020 durante seu primeiro mandato.
Estrategistas do Goldman Sachs, no entanto, descrevem a exclusão como “um cenário extremo”.
Estrategistas do Goldman baseados na Ásia estimam que investidores americanos teriam que liquidar cerca de US$ 800 bilhões em ADRs de empresas chinesas se Trump ou as bolsas proibissem os papéis.
Além de Alibaba e Baidu, outras empresas chinesas amplamente negociadas são a dona da Temu (PDD Holdings), a NetEase, a Li Auto e a Yum China.
Devido às tensões comerciais, os fundos negociados em bolsa iShares MSCI China e KraneShares CSI China Internet caíram 16% e 20% no último mês, respectivamente.
A China pode derrubá-los ainda mais caso venha a retaliar a medida.
Se Pequim ordenar que investidores chineses retirem seu dinheiro das bolsas americanas, o número é enorme: US$ 370 bilhões, aproximadamente o produto interno bruto (PIB) da Dinamarca ou do Egito.
Ações chinesas: o que esperar?
O especialista em investimentos David Harden acredita que nem a China nem os Estados Unidos irão proibir a posse de ações.
“Não vejo as ações chinesas sendo excluídas”, disse o diretor de investimentos da Summit Global Investments, David Harden , à “Barron’s”. “A dificuldade nisso é que ainda se quer que empresas estrangeiras vejam os EUA como a terra da liberdade”.
Mesmo assim, Harden acha que os investidores devem “ter cautela ao assumir novas posições” em ações chinesas, mas não necessariamente vender o que já possuem.
Nem todos em Wall Street estão confiantes de que as ameaças são vazias.
Analistas do UBS não descartam nada. Eles conseguem imaginar um cenário em que exclusões forcem investidores institucionais a se desfazer de suas participações. Os papéis provavelmente migrariam para um mercado de balcão, onde teriam menor liquidez e maior volatilidade. O dano estaria feito.
“A exclusão representa um risco significativo de queda devido à venda forçada por parte de investidores institucionais”, escreveram em um relatório na semana passada.
Toda essa conversa — exclusões, tarifas, liquidações — é suficiente para abalar até os mais calmos.
*Com informações do Valor Econômico
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