‘Vamos pagar o mínimo em dividendos, caixa é prioridade para a companhia’, diz CEO da Taurus
Os resultados da Taurus (TASA4) para o quarto trimestre de 2024, divulgados na terça-feira (25), desapontaram: queda de 4,7% sobre o lucro líquido atingido no mesmo período do ano anterior, para R$ 40,5 milhões. No ano, o lucro caiu 49,9% contra 2023, para R$ 76,6 milhões, enquanto as receitas recuaram para R$ 1,67 bilhão, queda de 6,1%. Nos últimos 12 meses, as ações caíram quase 37%.
Em nota, a empresa pontuou que o mercado de armas continua desaquecido no Brasil. Além disso, a Taurus informou que a desvalorização do real em relação à moeda estadunidense prejudicou seu resultado. Os Estados Unidos é hoje o maior mercado da Taurus.
Olhando para frente, para ganhar mercado, a empresa pretende ir às compras.
A Taurus têm disputado mercado no setor de defesa, participando inclusive de licitações na Índia e avançando em negociações para construção de plantas na Arábia Saudita.
Em entrevista à Inteligência Financeira, Salésio Nuhs, CEO da Taurus, disse que a companhia anunciará parceria com uma empresa turca voltada para o setor de defesa.
Posteriormente, diz o CEO, a expectativa é de que a Taurus se torne controladora da companhia.
Por meio de aquisições, Salésio afirma que a Taurus pode fazer em dois anos um movimento que demoraria uma década.
Ele espera capturar parte do mercado que deve saltar de US$ 43 bilhões ao ano para US$ 75 bilhões em 2032, segundo projeções mencionadas pelo próprio executivo.
Taurus (TASA4) e novos movimentos internacionais
Nos próximos seis meses ou menos, a Taurus (TASA4) pode abocanhar uma licitação na Índia para vender 425 mil fuzis para o exército local. A companhia venceu mais da metade dos competidores na primeira fase da licitação e agora concorre com seis rivais na fase final pelo contrato bilionário.
“A Taurus foi vocacionada para o mercado civil a vida inteira e não tem nada errado com isso”, diz. Ele destaca que foi o histórico no segmento civil que pavimentou o caminho para que a empresa mirasse novos horizontes. “Claramente, nosso objetivo principal é o mercado militar”
Ele menciona que, embora a situação bélica mundial não difira muito de outros momentos de acirramento, o período atual permite “acelerar esse processo” de virada de chave. E o executivo avalia que “o melhor caminho” é fazer via fusão ou aquisição.
“Não sei se vamos entrar com 5% ou 10%, mas vamos fazer uma escalada. E temos histórico para isso”, diz.
Mercado civil de armas
Apesar do interesse recente pelo setor de defesa, não existe chance de a Taurus (TASA4) reduzir o seu foco no mercado civil.
Esse segmento garante volume e estabilidade à companhia, mesmo que alguns mercados, como o brasileiro, apresentem desaceleração.
Neste segmento, Salésio diz que o desafio é a regulamentação. Mas ele crê que as mudanças recentes na legislação, promovidas pelo governo e pelo STF, podem não ser perenes.
Dividendos e recompra de ações
Para 2025, a Taurus (TASA4) anunciou que vai distribuir 35% de dividendos, definido pelo estatuto da companhia, algo próximo de R$ 26 milhões.
Os proventos podem aumentar, se aprovado em assembleia, com o uso da reserva estatutária para remunerar os acionistas.
Contudo, um analista ouvido pela Inteligência Financeira avalia que o aumento nos proventos é pouco provável. Isso porque a companhia está em fase de expansão e os excedentes de capital devem ser utilizados nas fusões ou aquisições e outros investimentos..
A companhia tem feito recompra de suas ações, evitando que seu valor de mercado, já barato com relação à média histórica, diminua.
Este mês, o conselho de administração da Taurus aprovou programa de recompra de até 300 mil ações ordinárias, o equivalente a 3,9% do total, e 3,03 milhões de ações preferenciais, o equivalente a 4,5% do total.
A operação terá duração de até 18 meses, a contar da aprovação do programa na última sexta-feira (21), até o dia 20 de setembro de 2026, com a companhia definindo as datas em que a recompra será efetivamente executada.
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