Fábio Venturelli, CEO da São Martinho (SMTO3): ‘Inteligência artificial já opera completamente produção de etanol de milho’

À Inteligência Financeira., Fabio Venturelli também afirmou acreditar que uma guerra tarifária global não deve ter impactos relevantes para a São Martinho (SMTO3)

Empresas citadas na reportagem:

A São Martinho (SMTO3) completa agora em junho o primeiro ciclo de produção de sua planta de etanol de milho, projeto todo operado com inteligência artificial (IA) e que está em vias de expansão. Foi o que disse o CEO da companhia, Fábio Venturelli.

“Nossa planta opera completamente com inteligência artificial (…), não tem intervenção humana”, disse o executivo à Inteligência Financeira durante o Latam CEO Conference do Itaú BBA, em Nova York.

Segundo Venturelli, o projeto vem apresentando uma produtividade acima da esperada inicialmente, o que deixa a São Martinho fazendo planos para expandir a produção.

“É lógico que aí já coça a mão”, disse o executivo. “Temos biomassa suficiente para introdução de mais um módulo, são 500 mil toneladas a mais de milho, para produção de 220 mil metros cúbicos adicionais”, acrescentou. Isso deve praticamente dobrar a produção atual de etanol da São Martinho a partir do milho, considerando os dados anualizados do primeiro trimestre de 2025.

Venturelli frisou que ainda não há uma data para início da expansão do projeto, embora já conte com recursos subsidiados do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Finep.

São Martinho (SMTO3) e o combustível do futuro

Em outra frente, a São Martinho (SMTO3) inaugurou neste ano sua primeira fábrica de etanol a partir de biometano, operação que gerou grande demanda em São Paulo, e está buscando interesse de outros estados brasileiros, disse Fábio Venturelli.

Além disso, a companhia faz planos para os combustíveis de aviação sustentáveis (SAF, na sigla em inglês), segmento no qual a São Martinho seria competitiva mundialmente, segundo ele.

Para os executivo, ambos os segmentos devem ganhar tração após a aprovação da Lei do Combustível do Futuro, em 2024, que estimula iniciativas de uso de combustíveis não poluentes.

“Nosso produto é imbatível. Mas depende de como vai funcionar o mercado”, disse ele, referindo-se à estrutura de incentivos para competir internacionalmente, uma vez que os produtores nos Estados Unidos têm subsídios governamentais.

CEO vê São Martinho protegida contra guerra tarifária

Os planos da São Martinho para novos produtos ocorrem no momento em que a companhia, uma das maiores do país no setor, lida com a volatilidade nos preços do etanol, na cola do sobe e desce do petróleo, em função do noticiário envolvendo uma guerra comercial global.

“O trade de etanol de Brasil e Estados Unidos não é tão sujeito a tarifas”, afirmou Venturelli. “Política de tarifas entre os dois países deve seguir em equilíbrio”, acrescentou.

Segundo Venturelli, no final, as dinâmicas que tendem a prevalecer na formação de preços do etanol estão mias ligados a fatores de oferta e demanda, no Brasil e no exterior. Nesse sentido, o começo da atual safra brasileira de cana-de-açúcar foi fraco, devido a fatores climáticos, o que deve pressionar a oferta, sustentando os preços. “Isso deve provocar um movimento favorável de preços”, disse ele.

Além disso, a companhia vem ajustando com agilidade a produção para escolher entre etanol e açúcar, que vem tendo preços melhores. No caso do etanol, o executivo disse ter percebido maior resiliência da demanda, o que deve se manter ao longo de 2025.

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