O que vai acontecer com Suzano (SUZB3) após tarifas de Trump? Com a palavra, o CEO

Para João Alberto Abreu, empresa tem posição competitiva privilegiada e recomendou não apostar contra a China sobre meta de PIB de 5% em 2025
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  • O CEO da Suzano, João Alberto Abreu, afirma que a empresa está bem posicionada para enfrentar a guerra tarifária, com diversificação geográfica de vendas.
  • Apesar da posição competitiva, as negociações de preços de celulose podem desacelerar.
  • A Suzano adotará maior disciplina na alocação de capital para investimentos, considerando o cenário atual.
  • A empresa busca reduzir sua alavancagem financeira, com meta de dívida líquida/Ebitda entre 2 e 2,5 vezes.
  • Apesar da desvalorização de 15% nos últimos 12 meses, a maioria dos analistas recomenda a compra da ação SUZB3.
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A Suzano (SUZB3) está numa situação relativamente privilegiada para enfrentar um cenário mais incerto no mercado global de celulose após uma guerra tarifária deflagrada pelos Estados Unidos. Esta é a visão do presidente-executivo da empresa, João Alberto Abreu.

“Temos uma posição competitiva robusta tanto geograficamente, quanto em custos”, disse Abreu nesta terça-feira (8) durante o Brazil Investment Forum, evento anual do Bradesco BBI, em São Paulo.

Segundo o executivo, a Suzano tem atualmente cerca de 40% de sua produção de celulose enviada para a China, com 20% para a América do Norte e outra porção equivalente para a Europa.

Dessa forma, mesmo com efeitos decorrentes da guerra comercial entre essas regiões, a companhia está bem posicionada para reagir.

No último dia 2, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas “recíprocas” generalizadas. Um dos mercados mais atingidos pelas medidas foi a China, com alíquota de 34%. O país asiático reagiu aplicando tarifa equivalente sobre importações norte-americanas. Trump, por sua vez, ameaçou adicionar mais 50% se a China não voltar atrás.

Nesta terça, no entanto, o mercado opera em compasso de espera, com os ativos até recuperando parte das perdas do dia anterior, diante da possibilidade de novos acordos comerciais antes das tarifas se tornarem efetivas.

Para Abreu, a despeito das consequências econômicas desse embate, não é momento de apostar contra a China.

“Eles são muito disciplinados para atingir suas metas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e têm muitas ferramentas para fazer isso acontecer”, disse o CEO da Suzano, referindo-se ao plano de crescimento do governo chinês, de 5% para 2025.

Haverá mais reajustes de preços da celulose da Suzano?

Apesar de entender que a Suzano tem uma posição competitiva superior no plano internacional, Abreu avalia que a tensão diante da guerra tarifária global complica negociações para reajuste de preços da celulose.

Nos últimos meses, a Suzano aplicou três aumentos de preços e chegou a anunciar um quarto ajuste ao mercado, segundo o BTG Pactual.

“No curtíssimo prazo, é normal que haja desaceleração nas negociações sobre preços”, afirmou Abreu.

“Tudo indica que isso é um jogo de xadrez. Mas as negociações de preço num momento como esse acabam ficando mais estabilizadas”, acrescentou o CEO da Suzano.

O que vai acontecer com os investimentos da Suzano?

Segundo Abreu, o cenário atual exige maior disciplina na alocação de capital, tanto em investimentos orgânicos quanto em discussões sobre possíveis aquisições.

“Você para, observa, antes de decidir o que vai acontecer com o ambiente competitivo”, afirmou ele.

Em junho do ano passado, a maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, anunciou a compra de 15% da austríaca Lenzing AG, uma das principais fabricantes globais de fibra de celulose para indústria têxtil e de não-tecidos, por cerca de R$ 1,3 bilhão.

A operação envolveu o direito de a companhia brasileira comprar uma fatia adicional no negócio.

Mesmo antes da guerra tarifária, Abreu já vinha sinalizando ao mercado que a Suzano tinha menos apetite por grandes aquisições de rivais, já que o foco é reduzir a alavancagem financeira e os custos operacionais.

Atualmente, o endividamento da companhia, medido pela relação dívida líquida/Ebitda está ao redor de 3 vezes. Segundo o executivo, a meta de longo prazo é que esse nível caia para a faixa entre 2 e 2,5 vezes.

SUZB3 acumula desvalorização de 15% nos últimos 12 meses.

Porém, dos 14 analistas que acompanham o papel, segundo o WSJ Markets, 12 têm recomendação de compra ou equivalente. Outros dois sugerem manutenção.

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