Por que as ações do GPA (PCAR3) derreteram no pregão desta terça-feira?

Papéis do Pão de Açúcar refletiram desempenho financeiro no 1º trimestre de 2025 e escolha de um novo conselho de administração

Empresas citadas na reportagem:

No dia seguinte à divulgação do balanço do primeiro trimestre de 2025, o GPA (PCAR3), dono da rede de supermercados Pão de Açúcar, sofreu um forte revés na bolsa, com suas ações chegando a cair perto de 30% durante o pregão.

No final da manhã, PCAR3 teve as negociações suspensas e entrou em leilão. No retorno das operações, o papel acelerou a queda e fechou a sessão desta terça-feira pouco acima de R$ 3.

Queima de caixa

Os investidores reagiram mal ao prejuízo reportado de R$ 169 milhões nos primeiros três meses do ano.

O grupo varejista até que se saiu bem em seu desempenho operacional, com crescimento de vendas de 3,9% frente ao apurado no mesmo período do ano passado, somando R$ 4,76 bilhões.

No entanto, a queima de caixa devido a seu processo de restruturação apagou as evoluções apresentadas nas margens.

O GPA encerrou o primeiro trimestre com R$ 2,4 bilhões de dívida líquida, contra R$ 1,39 bilhão registrado no quarto trimestre.

Já a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida sobre Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), subiu de 1,7 vez, apurado em dezembro de 2024, para 2,8 vezes agora, no final do primeiro trimestre de 2025.

PCAR3: hora de comprar ou de vender?

No sell side (bancos de investimento e corretoras) do mercado financeiro, os analistas das instituições adotam um tom cauteloso em suas recomendações aos investidores.

A maioria das recomendações não é nem de compra, nem de venda, mas neutra.

No Citi, o analista João Pedro Soares escreve que o desempenho operacional da dona do Pão de Açúcar foi positivo, com crescimento das vendas em 4% e margens subindo acima do consenso do mercado.

No entanto, o banco destaca que o prejuízo de R$ 164 milhões é explicado pelas despesas financeiras elevadas, enquanto a alavancagem subiu.

No Goldman Sachs, Irma Sgarz, Felipe Rached e Gabriela Leme escreveram que o melhor desempenho de rentabilidade acabou sendo limitado pela baixa visibilidade de geração de caixa.

Como no Citi, o banco afirmou que a recuperação nas margens do GPA ajudou na melhoria dos indicadores de rentabilidade. Mas a última linha do balanço ainda foi afetada pela reestruturação que a companhia vem realizando.

Modelo resiliente

No Itaú, a equipe de analistas de empresas de consumo, liderada por Rodrigo Gastim, destaca, de cara, que a companhia “mantém um dos modelos de negócios mais resilientes em meio a condições macroeconômicas turbulentas”.

Mas “a alta alavancagem (especialmente com as taxas de juros chegando perto de 15%) e as contingências continuam sendo obstáculos significativos”.

Como exemplo, o banco destaca a pressão do Ebitda sobre o resultado, resultando em um prejuízo líquido de R$ 281 milhões.

Novos conselheiros do GPA

Paralelo a isso, os investidores também absorvem nesta terça-feira (6) a escolha de um novo conselho de administração.

A proposta de destituição do colégio anterior aconteceu a pedido do empresário e investidor Nelson Tanure, que montou posição relevante na GPA por meio de sua fundo de investimentos, o Saint German.

Tanure costurou o acordo com a conglomerado francês Casino, controlador da companhia, e com o executivo Ronaldo Iabrudi, chairman do GPA.

Dentre os novos conselheiros figura Rafael Ferri, conhecido investidor e empresário, um dos fundadores do Traders Club, rebatizado como TC Investimentos.

* Com informações do Valor Econômico.

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