Como a Embraer (EMBR3) passou de quase fracasso para a sensação da bolsa

Empresas citadas na reportagem:
A história recente das ações da Embraer (EMBR3) ilustra o que os analistas chamam de “caráter cíclico do setor aeroespacial”. De 2005 a 2023 os papéis da empresa de aviação negociados em bolsa registraram ganhos de 44% ante 440% de valorização do Ibovespa.
Contudo, desde o início de 2024, as ações da Embraer acumulam alta de quase 230% contra -8% de perdas do Ibovespa.
A mudança no patamar de valorização de EMBR3 foi impulsionada pela maturação simultânea das suas principais plataformas de negócios: C-390, Praetor e E2.
A C-390 é a plataforma de aeronaves militares, cujos clientes da Embraer são as forças armadas de diversos países como Portugal, Hungria e Áustria, por exemplo. A divisão foi lançada no ano 2000 e a primeira entrega aconteceu em 2019.
Já a Praetor é a plataforma de jatos executivos de tamanho médio. Ela foi lançada em 2010 e a primeira entrega foi feita em 2019.
E, por fim, a plataforma E2 é formada pela linha de aeronaves bimotor de médio alcance. Essa divisão foi lançada em 2013 para fazer sua primeira entrega em 2018.
“Todas as divisões (defesa, executiva e comercial) passam por um ciclo de alta global”, afirmam em relatório os analistas do Itaú BBA.
EMBR3 em alta
O efeito prático da maturação de suas linhas de produto com a maior demanda de mercado é o aumento significativo no ROIC (Retorno sobre o Capital Investido) da empresa, notam os analistas do Itaú BBA. O ROIC se move de 3% em 2021 para estimados 18%, em 2027.
Assim, seguem os analistas do Itaú BBA, as ações da Embraer estão sendo negociadas a um múltiplo de 10,5 vezes seu potencial de geração de caixa, medido pelo EBTIDA. Historicamente, esse múltiplo é de 8 vezes.
Os gráficos a seguir mostram que as ações da Embraer reverteram drasticamente seu curso, a partir de 2024.
À esquerda, a ação EMBR3 saiu do preço médio de R$ 22 em janeiro do ano passado para bater em R$ 73,85, no fechamento da bolsa nesta quinta-feira (13).
As ações da Embraer encerraram 2024 com o melhor desempenho do Ibovespa no ano, subindo aproximadamente 230%. No período anterior (2005-2023), EMBR3 apanhou do Ibovespa, mostra o gráfico à direita.

Embraer: voo de galinha ou melhora estrutural?
Segundo os analistas do Itaú BBA, “o desempenho das ações da Embraer não é uma exuberância irracional, é o resultado de uma recuperação do setor, apoiado pela aceleração dos lucros.”
Dados históricos indicam que o mercado costuma subestimar o tempo necessário para que os projetos de empresas de aviação amadureçam financeiramente.
Exemplos incluem o 787 Dreamliner da Boeing, o A350 da Airbus, o jato executivo Global 7500 da Bombardier e o programa F-35 da Lockheed Martin.
Estas empresas viram suas ações passarem por períodos prolongados de baixa, antes de recuperarem valor com o sucesso comercial e operacional de seus negócios.
A trajetória atual da Embraer reflete esse padrão. Após investimentos prolongados nos jatos comerciais E2, jatos executivos Praetor e aeronaves militares C-390, a empresa está entrando na fase lucrativa de seu ciclo de produtos.
O BTG explica que a Embraer continua em “sólido momento” operacional.
Contudo, a empresa tem dois desafios a superar para uma nova disparada das ações em 2025: manter e adicionar contratos e, principalmente, evoluir no nível de entregas, diz o BTG.
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